• O candidato, que corre contra o tempo para angariar votos e chegar ao segundo turno, ainda classificou como "indecoroso" o modo de o PT administrar a corrupção
Bruna Fasano – Veja
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, classificou de "assustadora" a informação de que a campanha que elegeu Dilma Rousseff em 2010 pediu dinheiro ao esquema do 'petrolão'. "É assustador o que vem acontecendo no Brasil. A cada semana, a cada dia, uma nova denúncia de corrupção. É extremamente grave", afirmou o candidato na manhã deste sábado. Reportagem publicada na edição desta semana de VEJA informa que Paulo Roberto Costa, no processo de delação premiada, disse às autoridades que, no fim do governo Lula, o ex-ministro Antonio Palocci o procurou para pedir 2 milhões de reais para a disputa de então à Presidência da República.
"É urgente que essas investigações sejam aprofundadas", disse Aécio, que prometeu, caso eleito, "tirar a Petrobras das garras desse grupo político que se apoderou da nossa maior empresa pública para fazer negócios".
O candidato, que corre contra o tempo para angariar votos e chegar ao segundo turno, ainda classificou como "indecoroso" o modo de o PT 'administrar a corrupção'. "Vamos estabelecer um combate sem tréguas à corrupção. No meu governo, independente de partidos políticos, se alguém for pego tendo cometido qualquer irregularidade não será tratado como herói nacional, como gosta de fazer o PT, será tratado com o rigor da lei", afirmou Aécio.
Durante entrevista na associação de jornais do interior de São Paulo, em Osasco, região metropolitana da capital paulista, o tucano afirmou que pretende "reestatizar e profissionalizar" a administração da Petrobras e tirá-la das "mãos de aliados políticos que usam os recursos do povo brasileiro para sustentar a base de apoio do governo".
Questionado sobre a importância da família para a sua formação, Aécio lembrou a influência do avô, o ex-presidente Tancredo Neves. E afirmou que na noite deste sábado irá "dormir em seu berço", a cidade mineira de São João Del Rei, para "buscar energias" e enfrentar a reta final da campanha. "Tudo que nós aprendemos nas nossas casas, com nossos pais e avós, como não roubar e não mentir, ter decência, respeitar os mais velhos e os próximos, tudo isso o PT está jogando pela janela pela sua sanha e obsessão pelo poder e pelo dinheiro", afirmou.
Acompanhado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta a reeleição, e pelo ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno, Aécio reforçou que está confiante de que chegará ao segundo turno da disputa presidencial. Ronaldo fez coro com o presidenciável: "Vamos chegar lá e mostrar que de virada é mais gostoso. E a gente vai virar esse jogo".
Na última pesquisa de intenção de voto, divulgada pelo instituto Datafolha nesta sexta-feira, o tucano aparece com 18% das intenções, em terceiro lugar. A presidente Dilma abriu treze pontos de vantagem sobre a adversária do PSB, Marina Silva. Dilma tem 40% dos votos válidos e Marina, 27%.
Dilma sai pela tangente ao comentar informação sobre campanha de 2010
• Reportagem de VEJA informa que o ex-diretor da Petrobras disse em seu depoimento às autoridades ter sido procurado por Antonio Palocci em 2010 para abastecer caixa da campanha
A presidente Dilma Rousseff deu uma resposta evasiva neste sábado ao comentar a revelação de que o esquema de desvios na Petrobras pode ter abastecido o caixa de sua campanha em 2010. Como VEJA mostrou, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou à Polícia Federal que Antonio Palocci, o todo-poderoso da campanha presidencial de quatro anos atrás, pediu uma "doação" de pelo menos 2 milhões de reais à campanha da petista. Os recursos viriam do petrolão, o esquema de corrupção da estatal, operado por Costa e integrado também pelo doleiro Alberto Yousseff.
Dilma disse que a reportagem é um “factoide”, mas não apresentou qualquer explicação convincente. Ela afirmou que o tesoureiro de sua campanha, José de Filippi, apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) todos os detalhes sobre as doações e os gastos eleitorais de 2010. “A minha campanha tinha um tesoureiro que se chama José de Filippi. Foi ele quem apresentou as minhas contas para a Justiça Eleitoral. Assinou, arrecadou, prestou contas e teve as contas aprovadas”, disse ela.
A resposta de Dilma nada explica, já que recursos desviados da Petrobras dificilmente seriam doados pelas vias oficiais – e não constariam, portanto, da contabilidade entregue ao TSE. Além disso, Dilma quis dar a entender que Antonio Palocci não tinha ascendência sobre a parte financeira da campanha. E a verdade é que o petista era muito mais poderoso e influente do que o tesoureiro, inclusive na hora de buscar verbas para o comitê.
A afirmação de Dilma foi dada antes de uma visita ao Expresso DF, um corredor de ônibus construído no Distrito Federal com recursos federais. A presidente falou à imprensa também sobre mobilidade urbana e defendeu a expansão do sistema de transporte público para que a classe média deixe se usar o carro diariamente. “A classe média no Brasil usa carro. Nós temos que fazer a classe média usar transporte público, dar qualidade para o transporte.”
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