Felipe Frazão - Veja
A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, cobrou neste sábado o aprofundamento das investigações do escândalo da Petrobras, que ganhou contornos eleitorais após VEJA revelar na edição desta semana que a campanha de Dilma Rousseff procurou o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa para pedir "ajuda" de 2 milhões de reais na campanha de 2010, conforme disse o ex-diretor da estatal em seu depoimento às autoridades. Marina exigiu medidas "urgentes e severas contra os que causaram dolo aos cofres públicos".
"Eu quero ter as informações. Queremos que os autos atestem o que ele está dizendo. Ele está fazendo acusações muito graves que fazem estremecer essa República", disse Marina. "Que a Justiça faça a investigação, que seja concluído o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público e de todas as instituições que estejam envolvidas [na apuração] desse lamentável episódio, para que se tenha o veredito de culpar os culpados e puni-los ou inocentar quem for inocente. Não costumo fazer política utilizando a corrupção, qualquer que seja ela e contra quem quer que seja, como forma de me promover", disse.
Marina voltou a dizer que Dilma tem "responsabilidade política" pela indicação dos diretores da Petrobras e afirmou que a empresa deixou as páginas econômicas e científicas dos jornais e revistas para aparecer nas páginas policiais. "Quero que as investigações sejam feitas, porque não costumamos nos promover enlameando a honra das pessoas. Poucos políticos têm coragem de dizer isso, porque usam da corrupção para se promover. Eu quero combater a corrupção. Isso é um discurso de toda uma vida em relação ao PT e ao PSDB, a todos os mensalões que apareceram". afirmou.
Pesquisas - Em queda constante nas pesquisas de intenção de voto, Marina tentou passar confiança durante a entrevista e chegou a dizer que sua candidatura é "ascendente" e "quebrou a polarização" partidária no Brasil e acabou com "plebiscito" entre PT e PSDB. "Nunca imaginei que eles fossem se juntar. Elas gostam tanto da polarização que pela primeira vez na história desse país o PT e o PSDB estão juntos fazendo na mesma artilharia nos combatendo."
A presidenciável minimizou a perde de mais três pontos no Datafolha divulgado nesta sexta-feira: Marina caiu de 30% para 27%, enquanto Dilma Rousseff subiu de 37% para 40% e abriu treze pontos de vantagem. Aécio Neves (PSDB), subiu de 17% para 18%.
"O mais importante nas pesquisas é aquilo que nelas é constante, que o povo quer mudança", disse, ignorando que desde 3 de setembro o instituto também verifica a tendência de queda de sua intenção de voto. Marina aproveitou para alfinetar Aécio, cujos ataques, somados à artilharia petista, influenciaram em sua queda.
"Nós somos a candidatura ascendente, tanto a Dilma quanto o Aécio sabem disso. E nós já sabemos quem é a candidatura descendente, que não disputa o primeiro lugar e está disputando o segundo lugar há 12 anos", disse. "Talvez fosse melhor o Aécio se preocupar com o PSDB envelhecido".
Marina comparou a contrapropaganda do PT a "um batalhão de Golias com artilharia pesada que a ataca dia e noite, sem parar". Marina disse que não fará "embate" no próximo debate na TV Record, mas criticou o endividamento de três em cada cinco famílias brasileiras e empregos "desaparecendo na indústria".
"Quem está preocupado com as pesquisas é aquele que gostaria de estar no segundo lugar e ir para o segundo turno e até agora continua no terceiro lugar [Aécio], e quem está no primeiro lugar [Dilma] gostaria de não ter segundo turno e sabe que vai ter. Um sabe que já está concorrendo ao segundo lugar e outro sabe que com esse o primeiro lugar será seu".
Candidato a vice-presidente na chapa de Mariana, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), classificou como "leviana" a citação ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em agosto, que aparece na lista de Costa como um dos beneficiários do "petrolão". "Contra a Dilma há uma acusação e contra o Eduardo há uma citação sem qualquer contexto", disse Albuquerque. O deputado disse que o PSB apoia a CPI sobre a refinaria Abreu e Lima, construída em Pernambuco.
PF - Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, subordinado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), foi até a sede da Polícia Federal buscar informações sobre um inquérito aberto para apurar indícios de corrupção e prevaricação no Ministério do Meio Ambiente, no período em que Marina comandou a pasta no governo Lula, entre 2003 e 2008. Ao jornal, o ministério informou que Abrão apenas checou o andamento e o estágio atual do processo. O inquérito foi arquivado em 2012 pelo Ministério Público por falta de provas contra funcionários da pasta. Ao comentar o caso, Marina defendeu sua gestão e disse que integrantes de sua campanha já tinham recebido denúncias similares - as informações seriam que a documentação do inquérito foi acessada de forma clandestina. Ela "repudiou a manipulação dos documentos".
"Repudiamos que estejam sendo usados os órgãos do Estado brasileiro para promover qualquer tipo de crime para acusar uma pessoa que está participando do processo político. Não achamos que o Estado brasileiro deva ser utilizado lançando mão de meios ilegais para prejudicar qualquer que seja o candidato", afirmou. "Para ser sincera, algumas pessoas da minha campanha receberam algumas denúncias anônimas de que estava sendo feito esse tipo de prática e que inclusive documentação estava sendo movimentada sem passar pelo sistema."
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