• Ex-diretor da Petrobras teria revelado suposta conversa com Palocci; em Brasília, Dilma define reportagem como ‘factoide’
- O Globo
BRASÍLIA - A campanha da então candidata Dilma Rousseff (PT) à Presidência teria pedido, em 2010, dinheiro ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, informou a revista "Veja" neste sábado. O pedido - de pelo menos R$ 2 milhões - teria sido feito pelo então coordenador da campanha de Dilma, Antonio Palocci, e viria do esquema de corrupção liderado por Paulo Roberto na estatal. Segundo a publicação, a informação está em um dos depoimentos do processo de delação premiada ao qual aderiu o ex-diretor, que se encontra preso em Curitiba. Costa não soube informar, no entanto, se o dinheiro acabou efetivamente financiando a campanha de Dilma na forma de caixa dois.
Ainda de acordo com a revista, a conversa entre Costa e Palocci ocorreu antes do primeiro turno da eleição. O dinheiro, segundo o ex-diretor da petroleira, viria da "cota do PP" na Petrobras. A cota a que ele se refere eram as propinas pagas aos políticos pelas empreiteiras com negócios com a estatal, que chegavam até 3% do valor dos contratos que elas obtinham. O PP, que apoiou informalmente Dilma em 2010, foi o partido que indicou Costa para o cargo e, por isso, receberia também sua parte no esquema. Palocci, por sua vez, informa a revista, tinha bom trânsito na Petrobras por já ter integrado o Conselho de Administração da empresa.
As propinas do PP na Petrobras seriam administradas pelo doleiro Alberto Youssef, também preso em Curitiba. Costa e o doleiro foram detidos em março durante a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Segundo a "Veja", o ex-diretor da Petrobras contou no depoimento que acionou Youssef para viabilizar a contribuição à campanha de Dilma, mas não deu certeza de que isso ocorreu. Disse apenas que "aparentemente" a doação foi feita, uma vez que Palocci não voltou a procurá-lo. Youssef aderiu recentemente ao mesmo processo de delação premiada. Ele deve iniciar seus depoimentos nos próximos dias e há a expectativa de que ele revele mais informações sobre esse e outros casos da investigação.
A revista informa também que o depoimento de Costa foi enviado ao gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A assessoria de Dilma disse à “Veja” que o tesoureiro da campanha em 2010 era o deputado federal licenciado José de Filippi (PT-SP). Afirmou ainda que todas as doações recebidas estão na prestação de contas entregue e aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para Dilma, informação é ‘factoide’
Na manhã deste sábado, a presidente Dilma Rousseff classificou como "factoide" a reportagem.
— Isso é um factoide da revista “Veja”, factoide que costuma colocar em suas páginas na véspera da eleição. Minha campanha tinha um tesoureiro, José de Fillippi. Foi ele quem apresentou minhas contas para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O resto é factoide pré-eleitoral da revista “Veja” — afirmou a presidente.
À "Veja", Palocci admitiu conhecer Paulo Roberto Costa, mas negou ter feito qualquer pedido a ele. Disse também que não tinha responsabilidade sobre a área financeira da campanha e que sequer se encontrou com Paulo Roberto em 2010.
Nestes sábado, Dilma visitou trecho do BRT (veículo leve sobre pneus) em Brasília, onde gravou imagens para o horário eleitoral gratuito de TV. A presidente concedeu entrevista aos jornalistas no local.
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