- O Globo
Ao contrário do que anunciavam os blogs petistas e seus "trackings" imaginários, a candidata Marina Silva, do PSB, continua onde sempre esteve nas últimas semanas, na casa dos 30% das intenções de voto, mantendo uma razoável, e diria mesmo quase insuperável, distância do terceiro colocado, o tucano Aécio Neves, que, depois de ter dado uma crescida alentadora, estacionou nos 19% dos votos.
Chega a ser engraçada, se não patética, a tentativa de institutos de pesquisa ligados ao PT de dar uma esperança ao candidato do PSDB, anunciando um "derretimento" da candidatura de Marina que não aconteceu, segundo o Ibope. Os resultados do primeiro turno permanecem os mesmos de pesquisas anteriores, variando na margem de erro, embora a presidente Dilma esteja em fase de ascensão: depois de ter perdido 3 pontos na pesquisa anterior, recuperou 2 deles.
O importante mesmo, a esta altura da campanha, é avaliar o segundo turno, que deve acontecer entre Dilma e Marina. A presidente está em ritmo de recuperação, pois perdia por 9 pontos para a candidata do PSB há um mês (36% a 45%) e, hoje, está empatada em 41%.
Mas essa recuperação aconteceu logo na pesquisa seguinte, pois há três semanas os números estão parados no mesmo lugar, com alternância de posições entre as duas dentro da margem de erro. É claro que, mesmo nesse empate, há uma tendência de crescimento da presidente Dilma, que saiu de uma derrota por margem ampla para um empate técnico em que está 1 ponto à frente da oponente.
Faltam apenas três programas eleitorais até o primeiro turno, e nessa situação os dois debates que se realizarão, o da Record e o da Globo, terão importância maior para a definição da chegada no primeiro turno. Embora tenha se recuperado na disputa direta com Marina no segundo turno, a presidente Dilma tem motivos de preocupação: ela cresce apenas 3 pontos entre os dois turnos, enquanto Marina absorve 60% da votação do tucano Aécio Neves, nada menos que 12 pontos.
O que acontece num primeiro momento é que aumentou o número de eleitores que declaram votar em branco ou nulo, de 8% para 12%. Esses eleitores, que estavam inicialmente com Marina, recuaram da decisão, mas não trocaram a escolha por Dilma.
Como, segundo os analistas, essa taxa de negação da eleição não costuma ser de dois dígitos, é possível imaginar que cerca de 3% a 4% desses eleitores optarão por uma das candidatas, e é mais difícil um eleitor do PSDB decidir por Dilma do que por Marina.
Além do mais, a rejeição da presidente continua alta, embora ela tenha conseguido, com a propaganda eleitoral, reduzi-la de 35% para 31%, e a de Marina tenha subido para 19%. Se, como é provável, o quadro se mantiver inalterado nestes últimos dias, as duas candidatas chegarão bem próximas no segundo turno, com a presidente com a vantagem da vitória, o que sempre cria um ambiente estimulante na campanha.
A Marina, caberá organizar um acordo partidário com o PSDB para chancelar sua capacidade de negociação e governabilidade, e aproveitar o tempo de propaganda igual na televisão e no rádio para mostrar-se melhor ao eleitor e rebater a campanha negativa do PT, que deve se acelerar até o final do primeiro turno.
Mesmo que Aécio Neves continue na sua campanha direta contra a candidata do PSB, deve tomar cuidado para não inviabilizar sua presença nesse acordo, pois sairá desta eleição, ao que tudo indica, sem conseguir eleger o governador de Minas Gerais, seu território - que passará a ter um prefeito do PSB e um governador do PT.
Uma estratégia mais prudente facilitaria uma transição para apoiar a candidatura de Marina Silva, que já é a escolha de uma ampla maioria de seus eleitores. Ficando definido que Marina é a única com possibilidades reais de derrotar o petismo no segundo turno, a campanha do tucano ficará mais difícil, e o mais lógico seria que se dedicasse a combater a presidente Dilma com mais ênfase do que critica Marina.
Por uma simples lógica política, e não eleitoral.
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