• Aécio acusa Correios de boicotar PSDB; Marina diz que há ‘uso político’ da estatal
• Campanha tucana afirma que 5,6 milhões de panfletos deveriam ser distribuídos em Minas, mas denúncias indicam que não chegaram
Marcelo Portela e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, acusou nesta quarta-feira os Correios de boicotar em Minas Gerais correspondências eleitorais do partido. As campanhas de Aécio e do candidato tucano ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, vão fazer hoje representações ao Tribunal Regional Eleitoral em Minas e ao Ministério Público Federal em Brasília pedindo que a estatal seja investigada.
Na terça-feira, o Estado revelou um vídeo em que o deputado estadual Durval Ângelo (PT) afirma que a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, só chegou aos “40%” das intenções de voto em Minas Gerais porque “tem dedo forte dos petistas nos Correios”. O parlamentar fez o comentário em uma reunião da qual participou também o presidente da empresa, Wagner Pinheiro.
Ao comentar nesta quarta-feira o caso, a candidata do PSB, Marina Silva, reafirmou a defesa do fim da reeleição.
“Por isso que eu sou contra a reeleição, porque cria uma situação de aparelhamento, de uso político das instituições públicas. Uma confusão entre o partido e o governo. Esse tipo de prática deve ser condenada pela sociedade e, principalmente, pela Justiça Eleitoral”, afirmou após visita à comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.
Nesta quarta-feira, a assessoria de Aécio informou que a campanha contratou os Correios no dia 25 de agosto para a distribuição de 5,6 milhões de correspondências a 100% dos endereços domiciliares de cidades do Estado.
Pelo contrato, o material deveria chegar à casa dos eleitores em até dez dias, o que não teria ocorrido segundo a campanha tucana. O PSDB diz que juntou mil declarações de destinatários que dizem não terem recebido as correspondências.
“Estão querendo fraudar as eleições em Minas Gerais. Os Correios chegaram a cometer a imprudência de, em um ofício, dizer que, ‘se não chegou, vamos enviar novamente’. Como enviar novamente se não havia outra remessa a ser enviada?”, disse Aécio em visita a Governador Valadares (MG). “Acho que aí há um ato falho que aponta para o caminho de uma fraude. Se comprovada a fraude, é algo absolutamente grave.”
Segundo o PSDB, o boicote teria por objetivo prejudicar as candidaturas de Aécio e Pimenta no Estado, o segundo maior colégio eleitoral do País e principal reduto eleitoral do presidenciável tucano.
Pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na terça-feira mostrou que a petista lidera a disputa presidencial no Estado, com 36% das intenções de voto, ante 31% de Aécio e 17% de Marina Silva (PSB). Na disputa estadual, o candidato do PT, Fernando Pimentel, aparece com chance de vitória em 1º turno, com 45%, ante 25% de Pimenta.
Além da suspeita de boicote às correspondências, as representações do PSDB com pedido de Ação de Investigação Judicial Eleitoral seriam destinadas também à apuração da atuação de funcionários dos Correios nas campanhas do PT em Minas.
Pela manhã, em Mogi das Cruzes (SP), Aécio acusou o PT de querer vencer as eleições “no grito” e chegou a falar em ação criminal na Justiça contra o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o presidente dos Correios e superintendentes da estatal. “Queremos a criminalização de todos os responsáveis por essa ação perversa de um partido.”
A notícia do Estado foi mostrada na quarta-feira no último programa eleitoral na TV de Pimenta da Veiga. “Os Correios pertencem ao povo brasileiro, não ao PT”, afirma uma atriz da propaganda.
PPS. O líder da bancada do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), encaminhou na quarta-feira representação ao Ministério Público Federal contra Dilma. O PPS, aliado da candidata Marina Silva (PSB), questiona o uso dos Correios pela campanha presidencial petista.
Para o deputado, há uma “campanha aberta” conduzida pela empresa em favor da atual presidente, o que caracterizaria crime de improbidade administrativa.
Na semana passada, o Estado revelou que os Correios autorizaram a distribuição de 4,8 milhões de folders da campanha de Dilma em São Paulo. Outras dez siglas de oposição também receberam a mesma autorização para 927,7 mil panfletos.
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