• Sem citar nome de Aécio, Dilma faz ataques pessoais ao candidato tucano
Fernanda Krakovics – O Globo
CONTAGEM (Minas Gerais) - Sem esconder a irritação, a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, afirmou neste sábado que a divulgação de trechos dos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Yousseff tem objetivo “eleitoreiro” e que há “manipulação”. Dilma, que já teve negado o acesso aos autos, pediu divulgação “ampla, geral e irrestrita”.
- Quero saber de todos os envolvidos, não quero vazamento seletivo. Vazamento seletivo durante campanha eleitoral tem uma característica eleitoreira - afirmou Dilma, em entrevista coletiva, entre uma caminhada e um ato político em Contagem, Minas Gerais.
Dilma disse ainda que não vai demitir ninguém sem provas “por medida demagógica pré-eleitoral”. Um dos citados nos depoimentos é o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, indicado para o cargo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Machado nega as acusações.
- Não posso condenar ninguém sem prova. Não tomo esse tipo de medida demagógica pré-eleitoral. Não tem prova, tem que ter prova - apontou Dilma.
A presidente disse que se as acusações forem comprovadas, as pessoas serão punidas, “doa a quem doer”.
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi citado como parte do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras para partidos políticos. Ele divulgou nota negando as acusações.
- Eu sou a favor de, doa a quem doer, as pessoas têm que responder pelo que fazem, seja de que partido seja, seja ligado a quem, têm que explicar as coisas. Agora que se faça divulgação ampla, geral e irrestrita - afirmo a candidata à reeleição.
A presidente reclamou do vazamento de informações fornecidas por Costa e Youssef em delação premiada e agora da divulgação dos depoimentos dados à Justiça Federal do Paraná:
- O que considero incorreto é que as provas e as denúncias não estão sendo encaminhadas direito nessa fase. Para se divulgar, divulgue-se tudo, para vermos todos os envolvidos. Para depois da eleição a gente não ter a surpresa de ver que denunciantes da véspera eleitoral são parte da denúncia. Ou não se manipula esse processo e abre todas as informações, ou se usa com grande prejuízo da democracia brasileira.
Dilma acusou tucano de aparelhamento
Depois da comparação dos governos do PT com o do presidente Fernando Henrique Cardoso, a presidente Dilma mudou de foco neste sábado e partiu para ataques pessoais contra Aécio Neves. Sem citar seu nome, Dilma acusou o tucano de aparelhamento por ter sido vice-presidente da Caixa Econômica Federal aos 25 anos. Em contraposição, a presidente afirmou que todos os cargos ocupados por ela ao longo da vida foram por seus méritos.
- Eu nunca virei vice-presidente da Caixa Econômica aos 25 anos. Todos os cargos que tive foram por meus méritos. Se tem aparelhamento, esse é um - afirmou Dilma, primeiro em entrevista coletiva, depois em ato com lideranças políticas, ambos em Contagem.
Esse não foi o único ataque feito a Aécio no estado onde ele foi governador duas vezes. Ao dizer que não teme ser atacada pelo tucano no debate da TV Bandeirantes, na próxima terça-feira, por causa do escândalo da Petrobras, a presidente classificou como “amoral” a construção de um aeroporto por Aécio em terras de sua família, no município de Cláudio, também em Minas.
- Eu não faço mau uso do dinheiro público. Jamais desapropriei fazenda de parente meu. Jamais construí aeroporto nessa fazenda e entreguei a chave para ser gerido por um tio meu. Não tem essa história de tentar explicar o inexplicável. Não é questão de ser legal ou ilegal. É amoral.
Ao lado do governador eleito Fernando Pimentel (PT), Dilma questionou as promessas do tucano de fazer investimentos em saúde, se for eleito presidente, dizendo que isso não foi feito quando Aécio administrou Minas. Dilma citou um termo de ajustamento de conduta assinado pelo governo do PSDB em Minas com o Tribunal de Contas do Estado por não cumprimento do mínimo exigido pela Constituição para investimento na área. A presidente citou ainda a “baixíssima cobertura” do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) no estado.
- Qual a credibilidade do meu adversário para dizer que vai investir em saúde se quando pôde não o fez?
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