- Folha de S. Paulo
Em campanha, Dilma falava em "nós contra eles", comparando os governos do PT aos de FHC, encerrados há 12 anos. De volta à realidade, Dilma vai ter de enfrentar o "nós contra nós", com o PT confrontando os seus quatro anos aos oito de Lula. Ela perde feio.
Dilma venceu a eleição por menos de quatro pontos (51,64%) e já tem três frentes de batalha antes mesmo do segundo mandato: o buraco na economia, os escândalos da Petrobras e uma negociação política difícil não só com sua gulosa base aliada, mas sobretudo com o próprio PT. Onde encaixar os derrotados? São "só" 39 ministérios. E o Sesi é uma mãe, mas não tem vaga para todos.
É quando Lula entra em cena. Dilma é o presente, mas Lula não é só o passado, é o guardião do futuro do PT. Não porque ele seja obrigatoriamente o candidato do partido em 2018, como muitos creem, mas porque há uma simbiose indissolúvel entre Lula e o partido.
Nos dois governos Lula, sobretudo no segundo, os ventos internacionais eram favoráveis, os ministros e o presidente do BC eram fortes, o Brasil era a grande vedete do momento e a economia era considerada um sucesso por pobres e ricos, sindicatos e bancos. O clima mudou, todos esses ativos perderam valor no primeiro mandato de Dilma e até ameaçaram o projeto continuísta do PT.
Na sua segunda chance, Dilma tem duas opções: ouvir Lula, reconhecer os erros e resgatar os pilares da economia e a confiança dos investidores ou, ao contrário, dobrar a aposta. Aí mora o perigo.
Por isso, as Bolsas despencam, o dólar dispara. Mas engana-se quem pensa que é só um chilique do mercado, como o das mocinhas do Leblon, sem consequências. Com a economia e a indústria vacilando, quem mais vai sofrer é o pobre, a classe C.
Os tucanos perdem por não superar a imagem cristalizada de que o PT cuida dos pobres, e o PSDB, dos ricos. Mas, neste momento, como sempre, os pobres é que estão sob risco.
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