• Oposição mais sólida, feridas da eleição e Eduardo Cunha são novos desafios
Júnia Gama e Isabel Braga – O Globo
BRASÍLIA - A vitória apertada de Dilma Rousseff nas urnas e a nova composição do Congresso trazem a perspectiva de um mandato ainda mais difícil para a presidente reeleita, que viveu momentos de tensão com deputados e senadores nos seus primeiros quatro anos de governo. Além de enfrentar uma oposição mais sólida, Dilma viverá um novo desafio com os partidos que integram sua base aliada e terá de curar feridas da eleição. Dilma também se vê diante da possibilidade de ter, com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um comando rebelde na Câmara.
Tanto no Senado quanto na Câmara, Dilma terá de lidar com uma nova correlação de forças que não tende a ser amigável. A eleição de senadores oposicionistas de peso - como os tucanos José Serra, Antonio Anastasia, Tasso Jereissati e Aécio Neves, e Ronaldo Caiado, do DEM - é promessa de uma oposição mais forte e barulhenta.
Além disso, parlamentares "aliados" que se sentiram prejudicados pelo PT nas disputas estaduais, como é o caso do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, podem dificultar a vida da presidente. Eunício foi derrotado na disputa ao governo do Ceará pelo petista Camilo Santana e atribui sua derrota ao apoio do ex-presidente Lula ao adversário.
Entre os deputados, a relação estremecida que Eduardo Cunha manteve com Dilma no primeiro mandato irá requerer muita atenção. Para o deputado, as eleições presidenciais mostraram um país rachado, e o PT terá que saber negociar.
- A conciliação para a divisão da sociedade que se viu na eleição se dará no parlamento. Não dá para o partido que venceu as eleições ficar hegemônico - disse Cunha.
O deputado sinaliza que embora continue na base aliada, o PMDB não votará propostas que são contrárias ao que defende, como a criação dos conselhos populares e qualquer proposta de regulação da mídia. Tanto o PT quanto o PMDB saíram das urnas com bancadas significativamente menores na Câmara. O PT sai com 70 deputados, (tinha 88) e o PMDB, com 66 (eram 71).
Dilma também terá que enfrentar uma oposição sedenta por fatos desestabilizadores, como as delações do doleiro Alberto Youssef sobre a Petrobras. O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), já se reúne com os líderes de outros partidos para tomar as primeiras providências.
- Contamos com o Ministério Público e o juiz Moro, que são independentes. A crise vai cair no colo da presidente. Quando isso chegar a ministros e governadores como vai ser? Haverá uma crise institucional - disse Imbassahy. ( Colaborou Maria Lima e Cristiane Jungblut)
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