• Presidente admite agora referendo como forma de consulta popular
- O Globo
RIO — A presidente reeleita Dilma Rousseff admitiu nesta terça-feira a possibilidade de dialogar com o Congresso Nacional e fazer um referendo para a reforma política. Logo após a apuração das urnas, Dilma havia discursado sobre a necessidade da elaboração de um plebiscito. No referendo, a população responderia “sim” ou “não” a um projeto elaborado pelo Congresso. Já no outro tipo de consulta popular, os brasileiros escolheriam entre diferentes opções de sistema político e financiamento de campanha.Dilma deu entrevista ao SBT e à Band nesta terça-feira.
Nos últimos dois dias, parlamentares e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), reagiram à proposta de plebiscito. Dilma disse, agora, que não está “preocupada” com o formato da consulta popular, mas destacou que será difícil o debate do tema sem que tenha a participação popular.
— Acho que não interessa muito se é referendo ou plebiscito. Pode ser uma coisa ou outra — afirmou.
— Eu participei nessa eleição de discussões em todo o Brasil. Aliás, isso talvez seja o grande mérito de uma eleição, a capacidade de você discutir e dialogar com os mais diferentes setores. O que que eu vi? Eu vi uma ânsia imensa pela reforma política. Além disso, eu vi um movimento muito forte de vários segmentos, nem todos pensam igual, mas todos eles irmanados nessa questão da reforma política, que me apresentaram entre 7 milhões a 8 milhões de assinaturas — disse Dilma sobre as propostas da OAB, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e da CNBB.
Dilma garantiu que chamará a oposição para o diálogo com a nação, como prometido no domingo passado, em seu pronunciamento na festa da vitória da campanha. Ela incluiu os presidenciáveis derrotados Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) na lista de representantes a serem procurados.
— Eu não acredito que alguém queira um futuro pior para o país. Então, já tem aí um ponto de unidade, de possível união. Eu acredito que a disposição para o diálogo são essenciais pós-eleições. Obviamente, esse diálogo tem que abranger a maior parte ou todos os setores organizados que se dispuserem. Isso inclui aqueles que foram oposição e adversários meus durante o processo eleitoral.
Dilma descartou negociar com a oposição sobre projetos pontuais em tramitação no Congresso. Ela disse que a conversa com essas lideranças tem que ser sobre questões maiores.
— Não é negociação toma lá da cá. Tem que ser sobre as questões importante para o futuro do país. É obvio que eu posso perder uma votação no Congresso, mas também posso ganhar. Agora, o que acho que vamos ter que discutir não são questões pontuais. Temos que discutir como encarar daqui para frente as reformas fundamentais, como a política, tributária — afirmou.
Com o principal governador do PSDB, Geraldo Alckmin (São Paulo), a presidente disse que a oferta de ajuda para enfrentar a crise de abastecimento em São Paulo já foi feita pelo governo federal e que, agora, é o tucano quem deve procurá-la se quiser parceria.
Ao ser questionada sobre a regulação da mídia, a presidente afirmou que não pretende interferir na liberdade de expressão:
— Eu sou de uma época. Eu vivi sobre a ditadura, e ao viver sobre a ditadura eu sei o valor da liberdade de imprensa. Agora, como qualquer setor econômico, porque a mídia não é somente ou cultural ou jornalístico, tem de ter regulações econômicas. Vamos discutir bastante antes de fazê-lo.
Sobre mudanças no direito de resposta, Dilma acredita que o tema deve ser regulamentado:
— As pessoas não podem se dar ao luxo de querer bloquear informações porque se sentem ameaçadas ou feridas. Por isso que tem de regulamentar para colocar limites claros.
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