• Encontro discute falta de partido capaz de barrar a polarização entre PT e PSDB
Alexandre Rodrigues – O Globo
CAXAMBU (MG) - As urnas em 2014 reforçaram uma divisão antiga, que não é exatamente regional ou social. A eleição consolidou PT e PSDB como polos estruturais do sistema político brasileiro, protagonistas pela sexta vez consecutiva de uma eleição presidencial, demonstrando a inviabilidade, pelo menos até agora, de uma terceira via. A conclusão é de cientistas políticos que participaram ontem de uma mesa-redonda sobre a geografia do voto, no segundo dia do Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG).
Para André Borges, professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), a polarização de 20 anos mostra que ainda não existe um partido capaz de quebrar essa estrutura, como pregou Marina Silva (PSB) no primeiro turno, embora o Brasil conte mais de 30 legendas. PT e PSDB, segundo ele, são os únicos que conseguem conciliar atuação regional forte, com protagonismo e máquinas eleitorais bem distribuídas entre estados e municípios, coordenando essas forças em torno de uma orientação comum: a candidatura presidencial.
Sonia Terron, coordenadora do grupo de análise espacial da Associação Latino-americana de Ciência Política, explicou que a polarização entre PT e PSDB se reflete no perfil socioeconômico mais atingido pelas políticas públicas do governo, mas isso não significa exatamente uma divisão eleitoral entre ricos e pobres ou entre Norte e Sul. A pesquisa dela mostra que há manchas de predominância do PT no Norte e Nordeste, assim como o PSDB parece se consolidar nas outras regiões, mas isso não significa que onde Aécio venceu Dilma não foi bem votada. E vice-versa.
A pesquisadora explicou que a maior concentração de beneficiários do Bolsa Família no Nordeste favorece a liderança de Dilma na região, mas lembra que não são apenas os diretamente atingidos pela política que votam na situação.
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