• Dissidência do PMDB promete angariar mais apoio a Aécio, dependendo da posição do PT na disputa estadual
Juliana Castro – O Globo
RIO - Com o senador Aécio Neves (PSDB) garantido na disputa do segundo turno para a Presidência e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) liderando a briga pelo Palácio Guanabara, o movimento “Aezão” ganha novo fôlego. Quando o tucano patinava nas pesquisas, bem atrás da presidente Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB), o grupo perdeu força porque parte dos candidatos a deputado passou a ignorar a disputa presidencial. Agora, os peemedebistas dizem que o “Aezão” pode angariar mais apoios, dependendo da posição que o PT assuma na disputa estadual.
A estratégia da campanha de Aécio para o segundo turno é fazer com que o tucano seja o herdeiro dos votos de Marina no Rio. Com a apuração concluída, Dilma obteve 36% dos votos no estado, contra 31% da candidata do PSB. Aécio aparece apenas em terceiro, com 27%.
— Para presidente, eu não comento — disse Cabral, ao votar na Escola Municipal Roma, no Lido, na Zona Sul do Rio.
Agora, os aliados do governador Pezão que ainda estão com a presidente, no movimento apelidado de “Dilmão”, esperam o comportamento do PT no estado para decidir se continuarão trabalhando por Dilma no segundo turno, se cruzarão os braços ou se vão de Aécio.
— Pelo menos eu fico com a Dilma. Mas, acredito que o partido vai ficar dividido, como aconteceu no primeiro turno. No entanto, tudo vai depender também de questões como o movimento do PT no segundo turno do Rio — afirmou o deputado federal Pedro Paulo (PMDB).
Com a derrota de Lindbergh Farias (PT), que ficou em quarto lugar na briga pelo governo do Rio, Pezão deve procurar os petistas em busca de apoio para enfrentar Marcelo Crivella (PRB). Mesmo com Lindbergh entalado na garganta por conta do processo pré-eleitoral e da campanha, os peemedebistas reconhecem que ajuda não se recusa.
Coordenador de Aécio no Rio, o presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani, disse que já contratou duas pesquisas para esta segunda e esta terça-feira. A partir do resultado, vai avaliar como trabalhar a candidatura de Aécio. Picciani disse que, em seus levantamentos, o tucano chegou a aparecer com apenas 9% das intenções de voto no Rio, mas que ele nunca deixou de acreditar:
— Ninguém abandonou o barco, talvez eu tenha uma posição mais dura. O segundo turno é uma outra eleição. Vamos ganhar de 60% a 40% da Dilma. Esse voto (da Marina) é de oposição ao PT.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Paulo Melo (PMDB), disse que o PT não é Lindbergh e aguarda a reação do partido de Dilma no 2º turno no estado. Pouco antes do período eleitoral, o deputado fez afagos a Dilma durante uma visita da presidente à Saquarema, seu reduto eleitoral. Mas, na reta final da campanha, Paulo Melo trabalhou por Aécio:
— Acho que o PT continua encaminhando muito mal. O Lindbergh não contribuiu em nada para que a gente tivesse disposição em trabalhar para a Dilma. A questão agora não se trata na emoção. Vamos analisar a questão política. Ninguém me obriga a trabalhar para ninguém. Quero ver o comportamento do PT.
As lideranças do PMDB do Rio se dividiram durante esta campanha eleitoral. Picciani liderou o “Aezão”. Já Pezão e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, ficaram com Dilma. No início, o ex-governador Sérgio Cabral dizia estar com Dilma, mas indicou para um dos postos-chave da campanha de Aécio no Rio o seu homem de confiança, Wilson Carlos. Aqueles que compõe o “Aezão” gostam de dizer que os generais estão com a presidente, mas a tropa está com Aécio.
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