- Folha de S. Paulo
Engana-se redondamente quem acha que as manifestações de junho de 2013 foram episódicas, um vento que passou. Elas permearam todo o primeiro turno e terão papel relevante no segundo.
E o que elas diziam aos poderosos de todas as unidades da Federação, de todos os partidos e de todos os Poderes? Que a palavra de ordem desta eleição de 2014 seria... mudança.
O vento virou uma ventania que derrotou quatro governadores (DF, ES, PI e TO) já no primeiro turno e empurrou outros dez para um desconfortável segundo turno. Em tempos de mudança, a reeleição, sempre um grande trunfo, transformou-se também num fardo.
Esse movimento atingiu a presidente Dilma Rousseff, que venceu o primeiro turno, mas só em termos. Dilma saiu menor do que Lula em 2002 e 2006 e do que ela própria em 2010. Um dos motivos, talvez o principal, foi o tufão da mudança federal que veio de São Paulo.
Berço tanto do PT quanto do PSDB, o Estado é sobretudo o centro financeiro e industrial do país, onde há maior compreensão dos equívocos não só na condução, mas na concepção econômica do governo Dilma. Natural, portanto, que a onda da mudança, encorpada pelo antipetismo, tenha definido de forma particularmente forte os votos paulistas.
Dilma ficará ainda mais rouca de tanto falar em "fantasmas do passado", para conter a onda de mudança e reforçar estigmas contra o PSDB, logo contra Aécio. Para inverter o jogo, ele terá de combater o "monstros do presente", criando uma promessa de futuro --ou seja, reforçando o vento da mudança, mas "para melhor".
Mantidas as curvas da reta final do primeiro turno, o Datafolha desta quinta (9) poderá trazer Aécio na liderança, acionando todo o exército e a munição petista. Guerra fascinante, mas, além do debate ideológico sobre a economia e do debate político sobre métodos, virão os torpedos. Pode, agora metaforicamente, cair um novo avião e bagunçar tudo.
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