• Enquanto deputado bate pé, Temer tenta unir PMDB no apoio a Dilma
Catarina Alencastro e Isabel Braga – O Globo
BRASÍLIA - O presidente da República em exercício, Michel Temer, continua tentado pacificar o PMDB em busca de unidade no apoio à presidente Dilma Rousseff. Ontem, foi a vez de ele se reunir com deputados do PMDB que não apoiaram a reeleição de Dilma. Temer disse que está trabalhando para promover a "unidade absoluta" do partido em torno do governo. Enquanto Temer agia, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), também continuava articulando fortemente sua candidatura a presidente da Casa para neutralizar a ação do governo que tenta esvaziá-la. Cunha diz que sua candidatura é "irremovível".
Estiveram em um café da manhã com Temer, no Palácio do Jaburu, os rebeldes Leonardo Picciani (RJ), Danilo Forte (CE), Osmar Terra (RS), Hugo Motta (PB), Fernando Jordão (RJ), Eliseu Padilha (RS) e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, que deu uma passada no final da reunião.
- Estamos cuidando não só de promover a unidade absoluta do PMDB, como tratei também um pouco da meta do superávit, que é um assunto que vai ficar para o Congresso. O Congresso vai ter que decidir nos próximos tempos - disse Temer.
A conversa foi amigável, mas ambos os lados aproveitaram para fazer reclamações. Temer, por exemplo, queixou-se do tom de algumas críticas que muitos deputados faziam abertamente ao jeito dele, de cobranças pelo fato de pensar mais no governo que no partido.
Os deputados, por sua vez, cobraram uma posição de Temer de apoio à candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara e deixaram claro que ele tem o apoio da bancada. Segundo Leonardo Picciani, os deputados enfatizaram que a candidatura de Cunha não é de oposição:
- O apoio à candidatura do Eduardo é questão pacífica na bancada. Queremos um posicionamento do partido. Estamos construindo uma candidatura harmônica do Parlamento com o Executivo. Não significa uma candidatura de oposição, mas também não é uma candidatura que não possa cumprir o papel constitucional do Congresso.
Em resposta, Temer disse que esse é um assunto do Congresso e que quem decide o candidato do partido é a bancada. Ele negou que haja temor por parte do governo em relação a Eduardo Cunha. Para marcar posição com os partidos com os quais está conversando, Cunha disse que sua candidatura à presidência da Câmara é "irremovível".
- Tenho sentido nas minhas conversas com outros partidos uma cobrança sobre se minha candidatura persistirá até o fim. A partir deste momento, minha candidatura é irremovível, será levada ao plenário em qualquer circunstância. Vou fazer o lançamento oficial no dia 2 de dezembro, 60 dias antes da eleição. Para que os partidos possam dar apoio é preciso que a candidatura seja real. E a minha é - disse Cunha.
O líder do PMDB se disse aberto a conversar também com o PT, mas alfinetou os petistas, afirmando que na semana passada foi o líder da bancada, Vicentinho (SP), quem descartou o diálogo.
Cunha disse que constrói uma candidatura para defender o Parlamento e que não há razão para que Temer, presidente do PMDB, não o apoie:
- Temos conversado muito. Construo minha candidatura no Parlamento. Não há razão para o Michel não me apoiar. O que ele não quer é a candidatura de um candidato de oposição. E a minha não é.
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