• Com alta do dólar e preocupações sobre o Brasil, investimento acumula valorização de 59,1% no 1º mandato
• Fundos de ações, que foram aplicação de melhor retorno sob Lula 2, ficaram abaixo da inflação em Dilma 1
Toni Sciarretta, Anderson Figo – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Os fundos cambiais, que seguem o dólar, foram as aplicações de maior rentabilidade nos quatro anos do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, período marcado no Brasil pelo baixo crescimento da economia e internacionalmente pela desvalorização de commodities e de moedas de países emergentes, como o real brasileiro.
Sob Dilma, o dólar à vista (referência do mercado financeiro) subiu em todos os quatro anos --para R$ 2,648, alta de 59,5%--, resultado da valorização mundial da moeda com a recuperação da economia dos EUA e a perspectiva de alta dos juros americanos, além do descontentamento dos investidores com o Brasil.
No segundo governo Lula, o dólar caiu em três dos quatro anos, acumulando uma desvalorização de 22,28%.
"Com Dilma, aumentou a aversão ao Brasil devido ao maior intervencionismo na economia, ao baixo crescimento e ao risco de mudança nas regras do jogo", disse Rafael Paschoarelli, professor de finanças da USP.
"Lula surfou com a alta das commodities e não precisou cuidar das contas do governo. A conta chegou para Dilma, que não teve um período tão favorável", disse Fabio Colombo, administrador de investimentos.
Indicados para se proteger da alta do dólar, os fundos cambiais tiveram ganho líquido de 59,1% entre 2011 e 2014, depois de descontado o Imposto de Renda de 15% (alíquota para saque após 720 dias), segundo a Anbima (associação das entidades de mercado), com dados até 24 de dezembro (mais recentes).
Só em 2014, esses fundos acumularam alta de 11,99% líquidos de IR (alíquota de 17,5%, para saque após 360 dias). No ano, o dólar à vista (referência no mercado financeiro) subiu 12,17% --de R$ 2,361 até R$ 2,648 nesta terça (30). O dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 14,89% neste ano.
Populares no passado, esses fundos aplicam basicamente em contratos de dólar na Bolsa e em dívida corrigida pela moeda dos EUA. A maioria tem custo elevado e não costuma ser oferecida ao pequeno investidor, só a clientes de média para alta renda.
Sob Lula 2, queda
No segundo mandato de Lula (2007 a 2010), quando o dólar recuava devido à forte entrada de recursos estrangeiros, os fundos cambiais foram de longe a pior aplicação: caíram 11,27%.
O mundo então "descobrira" o alto retorno de ações e de moedas emergentes, e a aplicação de melhor retorno naquele período foram os fundos de ações livres (opção para o pequeno investidor que quer aplicar em Bolsa), que subiram 61,15% líquidos.
Essa aposta não deu certo nos anos Dilma, quando os fundos de ações subiram 10,7% líquidos --abaixo da inflação prevista de 27,1% no IPCA. Neste ano, esses fundos caíram 0,83% até o dia 24.
O denominador comum dos governos Lula 2.0 e Dilma 1.0 foram as taxas elevadas de juros, que puxaram os retornos das aplicações que investem em dívida pública e privada.
Os fundos de renda fixa, que aplicam em taxas prefixadas, subiram 47,9% com Lula e 43% com Dilma. Já os fundos DI (seguem a taxa Selic, o juro básico) subiram 44,1% com Lula e 38,9% com Dilma.
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