• Um impasse na escolha do próximo titular das Relações Exteriores adiou a conclusão da nova formação do governo
• Marta Suplicy disse que a população "não faz ideia dos desmandos" promovidos pelo futuro titular de ministério
Andréia Sadi, Mariana Haubert, Valdo Cruz e Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff confirmou nesta terça-feira (30) a indicação do sociólogo Juca Ferreira, 65, para o Ministério da Cultura e adiou para o último dia do ano a conclusão de sua reforma ministerial devido a um impasse no comando do Ministério das Relações Exteriores.
Para a vaga, estão cotados Celso Amorim, que deixará o Ministério da Defesa, e Mauro Vieira, embaixador do Brasil em Washington. A presidente deve definir a troca após conversas marcadas para esta quarta-feira (31).
Além de Juca Ferreira, estava previsto o anúncio de permanência ou troca de outros 14 ministros do governo, também adiado.
Dilma ainda não encontrou substitutos para Thomas Traumann, na Secretaria de Comunicação Social, e Marcelo Neri, na Secretaria de Assuntos Estratégicos. Eles devem permanecer no cargo até um segundo momento.
Os demais ministros devem ser mantidos em seus cargos: Aloizio Mercadante (Casa Civil); Artur Chioro (Saúde); Izabela Teixeira (Meio Ambiente); Tereza Campello (Desenvolvimento Social); Ideli Salvatti (Direitos Humanos); Guilherme Afif Domingos (Micro e Pequena Empresa) e Eleonora Menicucci (Secretaria de Políticas para Mulheres).
Na segunda (29), a presidente anunciou sete novos nomes, redefinindo o espaço do PT na Esplanada com a indicação de petistas mais próximos a ela e mais distantes do ex-presidente Lula.
A indicação de Juca, no entanto, agrada a setores do PT. Assessores de Dilma afirmam que a escolha dele é também um "gesto" ao grupo de Lula, que foi isolado do núcleo duro do Palácio do Planalto no segundo mandato. Este grupo também defende a nomeação de Amorim.
Críticas
Marta Suplicy (PT-SP) criticou a indicação de Juca tão logo o nome foi divulgado pelo Planalto. A petista, que comandou a pasta de setembro de 2012 a novembro de 2014, afirmou nas redes sociais que a população brasileira "não faz ideia dos desmandos" promovidos pelo novo ministro para a área da cultura.
"A população brasileira não faz ideia dos desmandos que este senhor promoveu à frente da cultura brasileira. O povo da cultura, que tão bem o conhece, saberá dizer o que isto representa", escreveu Marta, sem explicar que problemas seriam esses.
Juca ocupou a mesma pasta de 2008 a 2010, durante o governo Lula. Antes, havia sido secretário-executivo durante a gestão de Gilberto Gil, de 2003 a 2008.
Assim que assumiu o posto pela primeira vez, ele foi criticado publicamente pela também ex-ministra da Cultura Ana de Holanda, que o definiu como "político de personalidade polêmica, extremamente belicista".
Em sua gestão no ministério, Juca fez duras críticas ao atual modelo da Lei Rouanet, mecanismo de incentivo à cultura via renúncia fiscal.
Ele reiterava que a concentração de recursos da Lei Rouanet no Sudeste prejudicava o resto do país. Juca também criticava o montante a ser devolvido aos patrocinadores dos projetos culturais. Em 2009, abriu consulta pública para discussão de novo projeto da Lei Rouanet.
Sociólogo, Juca licenciou-se em setembro da secretaria municipal de São Paulo para coordenar a área de cultura da campanha de Dilma.
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