quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Renan terá adversário do próprio PMDB

• Luiz Henrique vai disputar presidência do Senado com apoio da oposição

Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA - Depois de dias de negociação entre oposição e um grupo dissidente do PMDB, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) lançou ontem seu nome para disputar a presidência do Senado, como alternativa ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que quer mais um mandato no comando da Casa. Os partidos de oposição - DEM e PSDB - buscavam há semanas um nome de dentro do próprio PMDB para tentar derrotar Renan. A manobra teve o aval do presidente nacional da legenda, senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Luiz Henrique anunciou sua candidatura ontem à tarde, depois de ter conversado por telefone com Renan pela manhã e de ter almoçado com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). O senador se encontra hoje, às 10h, com o presidente do Senado, a quem pretende derrotar. Em tom de provocação, Luiz Henrique disse que vai conversar com Renan para lhe "pedir voto".

A eleição para a presidência do Senado será no próximo domingo, em votação secreta. No sábado, o PMDB reunirá sua bancada para anunciar quem será o candidato oficial do partido. Segundo Luiz Henrique, sua candidatura é "irreversível" e será apresentada diretamente no Plenário do Senado caso a bancada do PMDB não a avalize.

- Estamos trabalhando (a candidatura) no PMDB, mas, se não conseguirmos viabilizar no PMDB, nos apresentaremos como candidato da instituição. É uma decisão irreversível. Na sexta-feira, deve ser o lançamento oficial, com uma chapa com nomes para todos os cargos - disse Luiz Henrique, avisando:
- Não é para protestar, é para disputar para valer.

A manobra do grupo - chamado de históricos do PMDB - preocupou a cúpula do PMDB e os aliados de Renan. Para o comando da campanha de Renan, Luiz Henrique tem "estofo", por ter sido presidente nacional do PMDB na década de 1990 e um dos fundadores do partido. O PMDB tem e terá a maior bancada do Senado, com 19 senadores. O tom foi de preocupação entre os aliados de Renan.

- Não é bom - resumiu um cacique do PMDB, apostando ainda no nome de Renan.

Os líderes da oposição comemoram. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), vinha negociando com ala dissidente do PMDB e ontem conversou com Luiz Henrique. A ideia era justamente ter um candidato do PMDB, com força para vencer Renan.

- O candidato é o Luiz Henrique. Mas ele não é o candidato da oposição. Ele é um nome do Senado como instituição. Ele tem mais história, mais condições de ganhar a eleição. Ele assusta mais (o grupo do Renan) - disse Agripino.

- O Luiz Henrique terá todos os votos do PSDB. Ele é o velho MDB da luta democrática - acrescentou o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira.

Luiz Henrique conversou por telefone com o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, e disse que tem apoio de senadores do PSDB, DEM, PP, PSB e PDT. Ontem, depois da conversa com Renan e do surgimento de Luiz Henrique, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), que havia se lançado como candidato alternativo a Renan disse que o PSB tem poucos votos e que é preciso esperar até sexta-feira para definir se sua candidatura será mantida ou não.

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