• Por enquanto, Serra e Tasso preferem se manter longe de embates
Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - Nos primeiros dias da nova legislatura, a oposição no Senado mostrou que está fortalecida, partindo para o enfrentamento com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). O maior embate foi sobre a escolha dos cargos da Mesa Diretora. Por conta da exclusão dos partidos oposicionistas (PSDB, DEM e PSB) da Mesa, o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), teve um bate-boca com Renan em plenário. Mas as duas novas estrelas do PSDB - José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE) - mantiveram-se discretas. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), foi quem roubou a cena: discutiu com Renan e levou para o Senado táticas de obstrução já usadas na Câmara.
O comportamento mais agressivo de Caiado e suas manobras de obstrução deixaram atônitos os colegas. Ex-deputado, Caiado utilizou táticas como pedir a verificação do quórum de senadores presentes para obstruir a sessão de escolha dos 11 integrantes da Mesa: sete titulares e quatro suplentes. A tática surpreendeu Renan, já que este tipo de embate não é comum nas sessões do Senado. A brincadeira entre os senadores era de que o clima da Câmara, onde os debates são mais acirrados, havia contaminado o Senado.
Em contrapartida, Serra e Jereissati não foram para os embates. Serra preferiu uma atuação mais econômica, apresentando desde já uma emenda ao texto da Medida Provisória 663 que exige transparência em relação aos dados sobre as operações entre União e BNDES. Ele propõe ainda que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vá ao Senado prestar esclarecimentos sobre a MP 663, que prevê principalmente nova capitalização do BNDES. O montante autorizado pela MP é de R$ 50 bilhões.
Nas comissões, nova batalha
Já o senador Tasso Jereissati, conhecido pelos discursos inflamados na outra passagem pelo Senado, ainda não foi para a briga. Aécio protagonizou a troca de farpas com Renan, mas depois também se manteve afastado.
As sequelas das manobras que garantiram a reeleição de Renan no comando do Senado e da Mesa Diretora acabaram paralisando as votações na Casa. Diferentemente da Câmara, o Senado não votou projetos ou MPs nos primeiros 15 dias de legislatura. A próxima batalha entre Renan, que tem ao seu lado PMDB e PT, e a oposição será a escolha dos comandos das chamadas comissões temáticas. A oposição teme que Renan não cumpra o critério da proporcionalidade na escolha dos presidentes das comissões e exclua novamente a oposição.
Irritado com a postura de Renan, Ronaldo Caiado ingressou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a escolha da Mesa Diretora. O ministro Luiz Fux já pediu esclarecimentos a Renan, mas a intenção do DEM foi mais política.
- Estamos com o Senado parado, não sabemos qual vai ser a regra para a definição de comissões e o clima é de calmaria total. Ficou tudo para depois do carnaval - reclamou Caiado.
Experiente, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que o carnaval está servindo para acalmar os ânimos.
Apesar de ter criado uma tropa de choque no Senado, Renan começou a se reaproximar do PSDB nos últimos dias. Antes do carnaval, telefonou para o líder tucano Cássio Cunha Lima (PB) e combinou um café logo depois do feriadão. Renan disse que também pretende conversar com Aécio.
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