• Sindicato afirma que estaleiro chegou a ter 11 mil funcionários em 2011; no ano passado eram 5,6 mil e atualmente 4.975
Ângela Lacerda- O Estado de S. Paulo (15/2/2015)
RECIFE - Desde agosto do ano passado, 620 trabalhadores do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) foram demitidos em Pernambuco. Cento e vinte deles nos primeiros 40 dias de 2015. "A situação é muito preocupante", afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos (Sindmetal), Henrique Gomes, para quem a crise na Petrobrás, envolta em denúncias de desvios de recursos e propinas, provocou um efeito dominó: o EAS não recebe os pagamentos da Transpetro pelos navios entregues, e, sem receber, o estaleiro reduz o número de funcionários e também não paga seus fornecedores, que, por sua vez, começam a demitir. "Quem paga o pato são os trabalhadores", lamenta.
Ele lembra que o Atlântico Sul chegou a ter 11 mil funcionários em 2011. No ano passado, eram cerca de 5,6 mil e atualmente 4.975. O fato de a empresa ter muitas encomendas - um total de 22 navios petroleiros e o casco P-55 dentro do Processo de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef) - não acalma o sindicalista. "A Transpetro é da Petrobrás e, dependendo das circunstâncias, pode vir a cancelar pedidos", adverte, ao frisar que muitas empresas fornecedoras do estaleiro instaladas em Pernambuco poderão fechar. "É um momento delicado."
Segundo ele, um desses fornecedores, a Máquinas Piratininga, que fazia anéis para o estaleiro, demitiu aproximadamente 300 trabalhadores nos últimos dois meses. Gomes informa que as rescisões ainda não foram pagas e que a empresa mantém no seu quadro entre 30 e 40 funcionários. "Temos todas as homologações aqui no sindicato", assegura.
Sem resposta. Procurada pela reportagem, a direção da Máquinas Piratininga - localizada em Jaboatão dos Guararapes - não quis conceder entrevista. O Estaleiro Atlântico Sul não atendeu à reportagem nem se pronunciou sobre o assunto.
Do total contratado pela Transpetro, o estaleiro entregou os petroleiros João Cândido (2012), Zumbi dos Palmares (2013) e o Henrique Dias (2014). O quarto, o André de Rebouças, foi batizado e deve ser entregue em março.
A secretária de Planejamento de Ipojuca, cidade onde está o estaleiro, Danielle Lima, afirma que "até o momento" as demissões no Atlântico Sul não provocaram impacto ou queda de receita do município. "Vamos acompanhar e analisar e no primeiro quadrimestre poderemos entender como a arrecadação se comporta", disse ela, que espera um ano difícil devido ao cenário econômico do País.
A secretária observa que hoje cerca de 10% dos trabalhadores no complexo industrial de Suape - onde se localiza o EAS - são de Ipojuca, e a prefeitura finaliza um estudo que indicará as vocações econômicas e produtivas e as potencialidades do mercado para adotar um programa de qualificação profissional que possa inserir mais nativos nos postos de trabalho.
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