• Ex-ministro do STF critica reunião de Ministro da Justiça com advogados da Odebrecht, acusada na Lava-Jato
Eduardo Bresciani – O Globo
BRASÍLIA - O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa foi ao Twitter para pedir a demissão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ontem, O GLOBO revelou que o petista recebeu em audiência advogados da empreiteira Odebrecht, citada nas investigações da Operação Lava-Jato.
"Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a presidente Dilma demita imediatamente o ministro da Justiça. Reflita: você defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, você vai recorrer à política?", escreveu
No último dia 5, Cardozo recebeu os representantes da Odebrecht em seu gabinete. Na agenda oficial da reunião com Maurício Roberto Ferro, Pedro Estevam Serrano e Dora Cavalcanti constava só a informação de que se tratava de uma "visita institucional". Não há menção ao fato de que os três representavam a empreiteira, que Ferro é vice-presidente jurídico, e Serrano e Dora trabalham para a construtora.
No sábado, o ministro confirmou ao GLOBO a reunião, mas disse que os advogados foram lhe entregar representações denunciando supostas irregularidades na Operação Lava-Jato. Alegando sigilo, Cardozo não quis dar detalhes das acusações feitas pela defesa da empreiteira. Procurada desde sábado, a construtora ainda não se pronunciou sobre a reunião do dia 5. A assessoria do ministro foi procurada novamente ontem para responder ao pedido feito por Barbosa, mas não respondeu.
Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara, engrossou o coro contra a postura de Cardozo. No Twitter, ele escreveu que "não é função do ministro da Justiça se reunir com advogados de empresas que estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Trata-se de uma postura, no mínimo, imprópria". Bueno destacou ainda que a oposição ficará atenta a qualquer tentativa de manipulação das investigações.
Humberto Costa, líder do PT no Senado, saiu, por sua vez, em defesa de Cardozo. Também no Twitter, ele questionou a motivação de Barbosa para defender a demissão dele. "A quem interessa a demissão de um ministro da Justiça independente, chefe de uma Polícia Federal que apura o que tem que apurar, sem interferências? Nem a oposição retoca José Eduardo Cardozo. O que há por trás de quem o critica? Pensem", escreveu.
O ex-ministro da Justiça Tarso Genro (PT) atacou o Poder Judiciário. Para ele é política a decisão de manter presos executivos de empreiteiras. "Duvido que os empresários dos processos sobre a corrupção na Petrobras ainda estejam presos por causas processuais ou investigativas. Continuam presos por uma função política do Poder Judiciário e para direcionar os processos judiciais", escreveu.
Odebrecht fala em "calúnias"
A Odebrecht também foi citada pelo doleiro Alberto Youssef, que a acusou de pagar R$ 10 milhões de propina ao ex-deputado José Janene (PP), já falecido. A Odebrecht negou e classificou as acusações como "calúnias". A empreiteira é alvo de um inquérito específico na Lava-Jato.
Na edição desta semana, a revista "Veja" afirmou que Cardozo teria se reunido também com Sérgio Renault, sócio de um escritório que defende a UTC Engenharia, outra empreiteira envolvida na Lava-Jato. Cardozo diz que o encontro com Renault foi na antessala de seu gabinete, quando o ex-deputado petista Sigmaringa Seixas, saia de uma audiência.
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