• Peemedebista agora promete cortar salário de quem faltar às quintas
• Presidente da Casa, que chega cedo de manhã, também deixou funcionários em estado de alerta
Márcio Falcão, Ranier Bragon - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - "Vossa excelência não vai fazer show aqui." A frase de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dita a um colega no comando de sua primeira sessão, na terça-feira (3), ilustra a diferença de estilo entre o então candidato e o agora presidente da Câmara dos Deputados.
Dono de uma campanha que prometeu de gabinetes novos a contracheques recheados, o peemedebista surpreendeu colegas com a atitude, nem sempre positivamente, e virou um dos assuntos preferidos nas rodas de cafezinhos do Congresso.
A estreia da gestão de Cunha provocou até ironia na reunião da bancada do PT, que apostou alto para impedir a vitória dele, mas acabou sofrendo derrota histórica.
Um petista disse que todo presidente promete "o céu e a terra" na campanha, mas, quando senta na cadeira, são os deputados que começam a ter problemas.
O deputado fazia referência à decisão de Cunha de ampliar os dias em que haverá votações na Casa, resgatando deliberações às quintas-feiras. Atualmente, as votações ocorrem apenas às terças e às quartas. Às quintas são discutidas matérias de consenso, como acordos internacionais, e geralmente é mantido o registro de presença do dia anterior para garantir o quórum.
No lugar de promessas de ampliação de benefícios, agora o presidente da Câmara fala em cortar o salário de quem não comparecer às sessões de quinta. Para as ausências, serão aceitas justificativas de viagem em missão oficial ou de licenças médicas.
As medidas geraram desconforto em alguns parlamentares que prometem pressionar os líderes para evitar a ampliação das sessões.
No comando da Câmara, o peemedebista também deixou servidores em alerta. Costuma chegar por volta das 8h e sair no fim da noite. O despacho criando a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a Petrobras foi assinado nas primeiras horas de quinta.
Cunha não tem deixado a presidência nem mesmo para almoçar. O estilo "workaholic" e a vontade de acelerar votações rendeu intensos embates na primeira semana.
O deputado Silvio Costa (PSC-PE) protagonizou alguns com o peemedebista e não perdeu a chance de criticar. "Quando vossa excelência parar de dar aula, eu vou explicitar", esbravejou durante debate sobre manobras regimentais. Em meio à troca de alfinetadas, ouviu que o plenário da Casa não é lugar para espetáculos.
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