• Também citado em delações da Lava Jato, presidente do PSDB diz que sigla vai endossar iniciativa do PPS de pedir que Corte investigue Dilma
Erich Decat - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta terça-feira, 17, que a legenda irá endossar o pedido do PPS para que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, autorize investigação sobre a presidente Dilma Rousseff no processo da Lava Jato.
Na última nesta sexta-feira, o PPS apresentou pedido para que o ministro, relator dos processos no STF, reconsidere a decisão em que a presidente Dilma não será investigada nos desvios ocorridos na Petrobrás. A decisão de Teori Zavascki foi tomada com base no entendimento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que informou ao STF que a presidente Dilma foi mencionada em depoimentos de delação premiada da Operação Lava Jato, mas essas menções não eram passíveis de apuração.
Em despacho ao Supremo, Janot explicou que a Constituição não permite que o chefe do Executivo seja investigado por qualquer ato sem relação com o exercício do cargo da Presidência da República, durante a vigência do mandato. "Amanhã, a partir de uma iniciativa do PPS, os partidos de oposição estarão buscando se encontrar com o ministro Teori... as oposições em razão das citações dos depoimentos da delação premiada vão pedir que se abra investigação em relação à presidente República", afirmou Aécio Neves.
O próprio tucano, contudo, também foi citado em delação premiada pelo doleiro Alberto Youssef, que apontou o envolvimento de Aécio em um esquema de pagamentos de propinas na estatal de energia Furnas que, segundo Youssef, era dividido entre o PP e o PSDB na década de 1990. No caso do tucano, Janot também pediu o arquivamento da investigação alegando que as citações a Aécio não são suficientes para a abertura de inquérito, mas pediu que seja aberta uma investigação para apurar os pagamentos de propina da empresa Bauruense à estatal de energia.
Tesoureiro. O presidente do PSDB lembrou também do pedido de investigação feito na segunda pelo Ministério Público Federal contra o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. "A denuncia tem como base a afirmação do Ministério Público, que obviamente poderá, ou não, ser comprovada, que o dinheiro da propina alimentava campanhas eleitorais do PT. Isso é extremamente grave e se comprovada teremos um quadro até do ponto de vista jurídico diferente no país", afirmou o tucano.
Ele fez menção ainda às declarações da presidente Dilma que considerou em entrevista coletiva realizada na segunda-feira, 16, que a corrupção é uma "velha senhora" em referência ao fato de que ela não ocorre apenas no período do governo do PT.
"A presidente da República tem razão apenas em uma questão, quando ela diz que a corrupção é uma velha senhora no Brasil, uma senhora idosa. É verdade. Só que essa velha senhora nunca se vestiu tão bem, nunca esteve tão assanhada como nestes tempos de PT. Na verdade, essa velha senhora hoje veste Prada e usa uma estrela vermelha no peito", afirmou o tucano.
O senador também criticou o posicionamento do ministro Miguel Rossetto ( Secretaria-Geral da presidência) de que as manifestações realizadas no último domingo em todo o País foram feitas por aqueles que não votaram na presidente Dilma nas eleições do ano passado.
"Essa crise ainda é maior porque me parece que o governo não entendeu absolutamente nada do que está acontecendo. O ministro Rossetto que tem uma conclusão extremamente curiosa: aqueles que estiveram nas ruas foram os eleitores do adversário e não da presidente e por isso tudo está bem. Se isso fosse verdade, certamente o Brasil teria um outro governo e nós seríamos poupados de uma manifestação tão patética como essa". Pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha nesta terça-feira, contudo, traçou um perfil dos manifestantes que foram às duas no domingo e disse que 82% deles votaram em Aécio.
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