- Folha de S. Paulo
A nova pesquisa Datafolha dá contornos ainda mais dramáticos à crise que engoliu o governo. Até aqui, Dilma Rousseff era uma presidente sitiada no Congresso e cercada por aliados em apuros com a Lava Jato. Agora ela enfrenta um problema maior: a rejeição da maioria dos brasileiros.
A presidente encolheu. A rejeição ao seu governo saltou para 62%, índice comparável ao de Collor às vésperas de ser derrubado. A aprovação do governo minguou para 13%.
As reações desencontradas aos protestos do último domingo sugerem que os ocupantes do Planalto estão atônitos e não têm ideia do que fazer para sair do buraco.
Essa tarefa se tornará ainda mais difícil com o novo recorde de impopularidade presidencial. O número de aliados dispostos a defender Dilma tende a minguar, e os oposicionistas ganharão novo fôlego para subir o tom na tribuna e nas ruas.
Um sinal disso já apareceu ontem, quando o tucano Aécio Neves endossou uma tentativa de pressionar o Supremo Tribunal Federal a investigar a presidente no petrolão.
O ministro Teori Zavascki arquivou o pedido original do PPS, mas a oposição indicou que passará a flertar com os setores que gritam por impeachment, mesmo sem a existência de provas contra Dilma.
No front interno, crescerá a pressão por soluções populistas, como desistir do ajuste fiscal ou torrar mais dinheiro em propaganda, o que já entrou nos planos da Secretaria de Comunicação Social.
Para sair da lona, a presidente precisará fazer mudanças efetivas e manter sangue frio diante de novas vaias e manifestações que se avizinham. Também é recomendável uma boa dose de sorte, que ela não tem exibido desde que se reelegeu.
Nelson Rodrigues dizia que sem sorte não se chupa nem um Chicabon: o sujeito pode engasgar com o palito ou ser atropelado pela carrocinha. A fria em que Dilma se meteu é muito pior que um sorvete.
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