quarta-feira, 18 de março de 2015

Opinião do dia - Luiz Werneck Vianna

Quem estava ali era a classe média brasileira, com seus diferentes estratos, demonstrando desencanto e desesperança também. Claro que houve recados explícitos em favor do impeachment, contra a corrupção. O sentido geral foi: cansei dessa política. Não foi uma manifestação radical nem que apontasse caminhos para o futuro. A presidente tem que mudar seu estilo de governar, seu programa. Tem que procurar aliados novos. E, no limite, já está na hora de, pelo menos nos bastidores, conversar com a oposição. Não dá para não atentar para a gravidade da situação sem que se esboce qualquer alternativa de reação. A presidente diz que o caminho econômico que ela perseguiu ao enfrentar a crise de 2008 está exaurido. Precisa reconhecer bem mais que isso: que o tipo de política que o partido dela e ela representaram também se exauriu. O impeachment não é desejável de forma alguma. Se o impeachment não é desejável de forma alguma, quatro anos de uma presidente emparedada é ainda mais ameaçador do que ele.

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Luiz Werneck Vianna, professor da PUC-RJ, texto publicado em O Estado de S. Paulo, 17 de março de 2015

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