• Grupo majoritário dentro do partido lamentou que o peso das medidas tenha "recaído mais sobre os trabalhadores"
• Documento feito para congresso da sigla, porém, nega que Dilma tenha promovido um "estelionato eleitoral"
Catia Seabra, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Em documento divulgado nesta quarta-feira (1º), a chapa PMB (Partido que Muda o Brasil), maior força interna do PT, fez críticas ao modelo de ajuste fiscal proposto pela gestão Dilma Rousseff (PT).
O grupo majoritário --formado pelas correntes CNB (Construindo um Novo Brasil), Novo Rumo e PTLM-- lamentou que o peso das medidas econômicas tenha "recaído mais sobre os trabalhadores do que sobre outros setores das classes dominantes".
Elaborado para o 5º Congresso do PT, que será realizado em junho, o manifesto questiona ainda por que a sociedade não foi previamente consultada sobre o ajuste fiscal do governo petista.
"Essas práticas foram em grande parte responsáveis pelo mal-estar de muitos movimentos sociais que lutaram pela eleição da presidente e que, hoje, se encontram perplexos e frustrados com as primeiras medidas", avalia.
O texto, no entanto, defende a presidente ao negar que Dilma, ao propor mudanças econômicas, tenha cometido "estelionato eleitoral", e garante que ela não renunciou às promessas feitas na campanha eleitoral.
"Faltou explicar, contudo, e no momento adequado (talvez antes mesmo do 1º de janeiro), que não era mais possível continuar aplicando, da mesma forma, as políticas contra cíclicas adotadas no primeiro mandato", pondera.
A maior chapa do partido admite que as recentes denúncias de corrupção "acabaram por golpear duramente a imagem da legenda" e defende que a sigla "não pode cair nessa vala comum".
"É imprescindível que a continuada ação dos poderes da República e a própria vigilância do partido cortem a corrupção na sua raiz, se necessário na própria carne. O PT necessita sair das páginas policiais do noticiário e ficar apenas naquelas dedicadas à política", ressalta.
Na avaliação do grupo majoritário, o "fenômeno da corrupção" poderia ter sido enfrentado de maneira distinta caso fosse realizada uma reforma política no país.
O texto coloca ainda como um desafio para o partido entender como a mobilização que garantiu a reeleição da presidente foi revertida em "tão curto prazo".
"Parte da maioria que elegeu a presidente está perplexa e desmobilizada", admite.
As críticas ao governo federal também foram vocalizadas em documento divulgado pela tendência Mensagem ao Partido, a segunda maior força interna da sigla.
Segundo o texto, o segundo governo da presidente teve início com uma "clara inflexão conservadora" que, na avaliação da corrente interna, é "contraditória" ao programa eleitoral apresentado pela então candidata petista.
"É preciso superar esse impasse ou o segundo governo trabalhará, na melhor das hipóteses, com um cenário de baixo crescimento [da economia] e eventual crescimento do desemprego", ressalta.
Para a tendência petista,"os maiores erros" nos últimos anos, e que "podem se repetir agora", foram cometidos pela gestão do Banco Central. "Desestabilizou tentativas de retomada econômica, onerando a carga fiscal."
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