• Serão complicadas para todos, governistas e oposicionistas. Porém, não há dúvida de que serão mais difíceis para alguns. Em especial o PT
- O Globo
O resultado das eleições municipais de 2012 confirmou a polarização política entre PT e PSDB e manteve o PMDB como líder absoluto em termos de número de cidades governadas. Para 2016, tudo indica que o quadro poderia se repetir, já que não há nenhum partido de peso entrando no jogo, as reformas políticas podem não entrar em vigor a tempo de alterar o quadro partidário e as grandes marcas ainda mantêm o predomínio no cenário eleitoral. Porém, as eleições municipais serão fortemente influenciadas por uma conjuntura muito diferente da existente em 2012. O que, no limite, pode provocar surpresas.
Serão eleições complicadas para todos, governistas e oposicionistas. Porém, não há dúvida de que elas serão mais difíceis para alguns. Em especial, para o PT. Este sofre por causa da ambiguidade demonstrada em relação ao ajuste fiscal, além de ter um grave problema de imagem. Longe da crise personalizada do PT, as demais legendas também estão diante de desafios sérios. O PMDB se ressente da tensão entre seus três polos de liderança, que poderiam estar unidos para fortalecer um projeto nacional para o partido. O PP foi devastado pelo petrolão. O PSB sem Eduardo Campos perde charme e energia. O Rede ainda não está montado. O PSDB não está em seu melhor momento. Por ser oposição, pode ganhar algum espaço, mas é questionado pelas oposições que se organizam nas redes sociais e nas ruas.
Outro vetor sério são os cortes de despesa justamente num ano em que os prefeitos têm de mostrar serviço para buscar a reeleição ou fazer o sucessor. Sem verbas do governo federal, a situação é preocupante. E há ainda a questão do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, em que centenas de municípios estão pendurados. Em reação ao sufoco, entre 25 e 28 deste mês se realizará em Brasília a tradicional Marcha dos Prefeitos, que ocorre há 17 anos. A pauta de reivindicações está montada. Os prefeitos querem que a União pague 60% da folha dos professores. Querem, ainda, aumento na fatia dos royalties de petróleo, algum refresco na Lei de Responsabilidade Fiscal e desconto nas dívidas com a União. Porém, nunca na história recente houve momento mais difícil para se atender aos prefeitos.
Outra questão refere-se aos desdobramentos do petrolão. O escândalo não chegou a impedir os grandes doadores de se movimentar nas eleições gerais do ano passado. Porém, com o agravamento das investigações e a prisão de envolvidos, eles deverão se mostrar mais inibidos em relação a gestos generosos.
Disputar eleições em um ambiente de desaquecimento econômico, restrição fiscal, sem obras para mostrar e sem grandes doadores pode ser a realidade predominante em 2016, o que tornará a campanha mais dura e realista.
O cenário armado para as eleições municipais está muito interessante e tem potencial para mudanças que podem ter reflexos importantes em 2018.
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Murillo de Aragão é cientista político
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