- Folha de S. Paulo
A vida não está nada fácil para Dilma Rousseff. Em vários flancos, ela vive aquela situação de se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Vamos por partes.
A petista levou um século para indicar Luiz Fachin ministro do STF. Quando o fez, só gerou confusão. Se antes já teve indicado ao Supremo chegando a Brasília no dia da sabatina no Senado, Fachin chegou bem antes e não consegue sair daqui.
Resultado do enrosco, Dilma conseguiu a proeza de chegar às véspera da votação de seu indicado sem ter a certeza de que ele será aprovado nesta terça (19) pelo Senado.
Se ganhar, ela também perde um pouco. Renan Calheiros, presidente da Casa, não quer Fachin. Promete infernizar ainda mais os dias da petista se ele virar ministro. Só que Dilma não tem mais para onde correr.
Neste domingo (17), a presidente reuniu sua equipe econômica para discutir e definir algo que sempre odiou. Cortar gastos, inclusive de investimentos e programas sociais.
Se dependesse apenas de sua vontade, a presidente cortaria o mínimo possível, quase nada, para tocar seus projetos e programas. Mas, se tomar esse caminho, a inflação volta a subir, o dólar dispara e os juros terão de ir para a estratosfera. Um autêntico beco sem saída.
Em setembro, Dilma terá outro abacaxi nas mãos. Vence o mandato do atual procurador-geral, Rodrigo Janot. Renan e Eduardo Cunha, presidente da Câmara, investigados na Operação Lava Jato, fazem de tudo para mandar Janot para casa.
Se ceder às pressões dos dois peemedebistas, será um vexame. Se fizer o mais recomendável e reconduzir Janot, indicará que não quer interferir nas investigações, mas sua vida pode virar um inferno como andam ameaçando por aí.
Enfim, Dilma está enrolada em encrencas criadas por ela própria. Não estivesse numa fase de fragilidade política, tiraria tudo de letra. Agora, não lhe resta outra saída a não ser enfrentar os bichos.
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