Germano Oliveira e Geralda Doca – O Globo
• Página de Lula no Facebook pede para não acreditar em boatos e "espalhar a verdade"
CURITIBA e BRASÍLIA- Dirigentes do PT disseram ontem que as implicações da Lava- Jato para o partido devem ser discutidas na reunião da Executiva Nacional, quinta- feira, em São Paulo. Alguns petistas temem que o depoimento do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso na sextafeira, possa causar problemas ao parido e ao governo. A empreiteira é a mais beneficiada por financiamentos do BNDES em serviços de engenharia no exterior.
— Tem havido muita especulação de que Marcelo Odebrecht, por ser mais próximo do ex- presidente Lula, poderia envolver lideranças do partido em eventuais delações. Mas, até agora, isso tudo é especulação — diz um membro da Executiva.
No governo, a avalanche de notícias ruins deverá azedar o clima da reunião da coordenação política hoje. Segundo um interlocutor da presidente Dilma Rousseff, não há como fugir de temas espinhosos, como o resultado da pesquisa Datafolha ( que apontou 65% de rejeição da presidente), a prisão dos presidentes das principais empreiteiras do país, além das duras críticas de Lula à gestão de Dilma, em encontro com líderes religiosos, reveladas pelo GLOBO. Nos bastidores, as críticas foram considerada por assessores do Planalto como “um desastre” e “inacreditáveis”.
— Não se pode fazer de conta que essas coisas não existem. A gente deve fazer uma análise e decidir que posição vamos tomar — avalia um assessor de Dilma.
Segundo ele, a prisão dos principais executivos de Odebrecht e Andrade Gutierrez prejudica o governo neste momento em que busca uma agenda positiva e gera um clima de apreensão. Essas empresas estão presentes na maioria das obras de vulto no país, empregam muitos trabalhadores e têm empréstimos junto a grandes bancos.
— É muito prejudicial ao governo ( a prisão dos empreiteiros) neste momento. Acaba dando um susto enorme no sistema bancário. Gera clima de grande expectativa sobre os possíveis resultados negativos, decorrentes da prisão dos presidentes dessas empresas — diz a fonte.
A preocupação é que, pressionado pela prisão, Marcelo revele dados que não apareceram nas investigações da Lava- Jato. No inquérito, há referências a obras feitas pela Odebrecht no exterior com recursos subsidiados do BNDES. A empreiteira foi beneficiada por 70% de todo o crédito disponibilizado pelo governo no exterior entre 2007 e 2015, recebendo US$ 8,4 bilhões. Outra preocupação de petistas é a proximidade de Lula com a Odebrecht.
Ao deixar o governo, entre 2011 e 2014, ele recebeu dinheiro da empresa para dar palestras no exterior. A construtora chegou a pagar US$ 300 mil por evento e forneceu aviões para viagens a Cuba, República Dominicana, Venezuela, Panamá e Angola.
Para se defender dos que dizem que recebeu milhares de reais das construtoras para pagar suas atividades políticas, a página de Lula no Facebook trouxe ontem uma mensagem explicando como o Instituto Lula é financiado. “O Instituto Lula financia suas atividades por meio de doações espontâneas de empresas privadas e pessoas físicas. Como qualquer entidade privada, o Instituto declara suas movimentações à Receita Federal e cumpre todas suas obrigações tributárias. O Instituto Lula não recebe qualquer tipo de verba pública”. E a postagem finaliza: “Não acredite em boatos espalhe a verdade”.
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