A recessão vai abater uns 2% do PIB brasileiro neste ano, a inflação rondará 9%, e o desemprego nacional superará 10% da população engajada no trabalho. Para essa vala comum de desânimo caminha o consenso das expectativas dos agentes do mercado.
Há algumas semanas, a degringolada de 2015 era vista por boa parte desses observadores profissionais como uma etapa passageira rumo a alguma recuperação em 2016. Faríamos um sacrifício concentrado agora para colher alguns frutos menos amargos logo ali na frente.
O humor piorou. A fase de sofrimento foi estendida, e a marcha do retrocesso esperado na atividade, em especial no mercado de trabalho, vai até o final do ano que vem, ameaçando invadir o seguinte.
A explosão do dólar, evitada à custa de uma exorbitância de juros oferecidos pelo Banco Central, é o que falta para escancarar o quadro de aguda restrição em que nos metemos. Na prática, o Brasil já perdeu o chamado grau de investimento.
O governo está prestes a admitir que não conseguirá evitar a escalada preocupante do desequilíbrio fiscal. Vai poupar, na melhor das hipóteses, metade de uma meta que em si já se mostrava insuficiente.
A liderança do Executivo evaporou-se na impopularidade abissal de Dilma Rousseff e do PT. O poder resultante migrou para o Congresso e se mostrou tão irresponsável quanto o experimento desenvolvimentista da primeira metade da década.
Produziu uma "reforma da Previdência" que eleva o desembolso obrigatório de um conjunto cadente de trabalhadores com uma fatia crescente de aposentados. Numa tacada, o Legislativo aumentou os juros e minou a capacidade de crescer do país ao longo dos próximos 30 anos.
O "ativismo dos Poderes", como definiu Renan Calheiros, resulta no flerte com um desfecho cataclísmico para tanto acúmulo de irresponsabilidade e populismo.
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