Cibelle Bouças – Valor Econômico
SÃO PAULO - O segmento de moda e vestuário ampliou o número de demissões neste ano, como reflexo da retração econômica e da queda nas vendas no varejo. Em São Paulo, as quatro maiores varejistas de moda - Renner, Riachuelo, Marisa e C&A - fecharam 1,2 mil postos de trabalho de janeiro até 15 de junho. O número de homologações é 45% maior que as demissões efetuadas no mesmo período de 2014, quando as empresas demitiram 818 pessoas. Os dados são do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
No Brasil, essas varejistas mantêm 1.236 lojas e empregam 91,7 mil pessoas. Desse total, aproximadamente 120 lojas estão localizadas em São Paulo.
Procuradas, Renner e Riachuelo não responderam ao pedido de entrevista doValor. A Renner é a maior varejista de moda com operação na BM&FBovespa. A empresa fechou 2014 com receita de R$ 5,2 bilhões. Atualmente a empresa possui 258 lojas no país e emprega 17 mil pessoas. A Riachuelo é a segunda maior companhia aberta do segmento, com receita de R$ 4,73 bilhões, 269 lojas e 40 mil empregados no país.
A Marisa, terceira na bolsa, com receita de R$ 3,34 bilhões em 2014, informou em comunicado que realizou uma adequação no quadro de colaboradores para o cenário deste ano. "A Marisa não tem planos de realizar novos ajustes de quadro", informou a companhia. A varejista de moda possui atualmente 14,7 mil funcionários e 414 lojas.
A C&A, por sua vez, informou em comunicado que "oscilações no quadro de funcionários podem acontecer em função das exigências de mercado". A empresa também informou que vai manter seu plano de expansão de longo prazo no Brasil. A C&A é a maior companhia de varejo de moda no país em receita, de acordo com a consultoria Euromonitor. A empresa possui 295 lojas em operação no país e emprega atualmente 20 mil pessoas. A C&A tem como meta de longo prazo manter um ritmo de expansão de lojas similar ao de anos anteriores, com 29 a 30 unidades por ano. De acordo com informações da empresa, a C&A abriu 34 lojas nos últimos 18 meses (cinco neste ano) e colocou no ar, em fevereiro, o seu site de comércio eletrônico.
São Paulo é o maior produtor e também consumidor do segmento de vestuário no país. De acordo com o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), o Estado foi o que mais empregou na área de vestuário em 2014, com 293,7 mil postos de trabalho, distribuídos em 7,1 mil unidades de produção.
De acordo com um último levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, a indústria de vestuário fechou 7,3 mil postos de trabalho no Brasil no acumulado de janeiro a maio. O comércio como um todo demitiu 159,3 mil pessoas nos primeiros cinco meses do ano. No mesmo período do ano passado, a indústria do vestuário registrava uma adição líquida de 17,4 mil postos de trabalho. O comércio como um todo havia fechado 55,9 mil postos de trabalho no mesmo intervalo.
Em Santa Catarina, outro grande polo do setor têxtil e de vestuário, o número de postos de trabalho formais aumentou no acumulado deste ano, em 4.475 vagas, para 45,8 mil empregos formais. Vivian Kreutzfeld, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau, Gaspar e Indaial, disse que na região - onde estão concentradas a maioria das confecções do Estado -, o número de homologações ficou de 8% a 10% maior do que em 2014. "As indústrias falam que a situação está difícil, mas não houve na região um grande volume de demissões devido à falta de mão de obra qualificada. Muitas confecções ainda seguram os profissionais nas oficinas para garantir uma mão de obra qualificada quando houver recuperação econômica", disse Vivian.
De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o comércio varejista de tecidos, vestuário e calçados acumula queda de 4,2% de janeiro a abril, ante o mesmo intervalo de 2014. Em 12 meses até abril, a queda é de 1,9%.
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