Na Rússia, Dilma atribui baixa popularidade a crise econômica
• Presidente afirma que concluirá sua "legislatura" ao responder a repórter
Catarina Alencastro, enviada especial, e Luiza Damé – O Globo
ROMA, MILÃO e BRASÍLIA - Após participar da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a presidente Dilma Rousseff deu entrevista a uma emissora de TV russa e afirmou que vai concluir seu mandato, apesar da queda de popularidade. Falando sobre si na terceira pessoa, ela atribuiu seu baixo índice de aprovação à situação da economia, mas disse estar trabalhando para tirar o país da crise. Dilma respondeu à pergunta de uma jornalista russa: "Dilma Rousseff terminará essa legislatura?", se referindo ao mandato da presidente.
- Dilma Rousseff vai acabar esta legislatura. Em qualquer país você tem quedas de popularidade. A minha decorre de situação econômica bastante adversa. Tenho certeza de que vai melhorar. O que importa é, sem dúvida, que estamos trabalhando duro para tirar o Brasil dessa situação de crise. É o que teremos como foco principal - disse a presidente.
Dilma falou ao canal de TV Russia Today na última quinta, em Ufá, Rússia, onde ocorreu a reunião, mas a íntegra foi divulgada ontem pelo Planalto. Dilma foi questionada sobre a queda de popularidade e as dificuldades para vencer a última eleição - ela teve 51,6 % dos votos, contra 48,3% de Aécio Neves.
Dilma disse que o Brasil "tem uma das menores dívidas", em relação ao PIB, na faixa de 60%, enquanto os países europeus chegam a 100%. Admitiu, porém, que a taxa de inflação do Brasil é alta para os padrões europeus:
- Mas ela é alta momentaneamente. Tomamos agora medida de proteção ao emprego parecida com a tomada pela Alemanha, no período de crise. Acreditamos que vai ser bastante eficaz, no sentido de segurar o desemprego no Brasil - disse a presidente, que ontem à noite foi a uma ópera, em Roma.
Na capital italiana, a presidente encontrou o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que insinuou esperar que o Brasil corresponda ao gesto da extradição de Henrique Pizzolato, sem citar seu nome. O ex-diretor do Banco do Brasil foi condenado no mensalão. À imprensa, ao lado de Dilma, Renzi disse esperar que soluções para conflitos difíceis na área da Justiça possam ocorrer. A Itália rejeita a decisão do Brasil de não extraditar Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália e refugiado no Brasil.
- Falamos do setor da Justiça. Espero que essas relações renovadas, baseadas na cortesia, possam trazer soluções aos casos mais difíceis - disse Renzi.
A Itália pediu a extradição de Battisti, e o Supremo concordou, mas disse que o assunto era competência do presidente. Na época, Lula negou a extradição.
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