André Ramalho - Valor Econômico
RIO - O ministro da Defesa, Jaques Wagner, elogiou ontem a iniciativa de um possível encontro entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para discutir o cenário político do país. Sem confirmar ou não a reunião, Wagner classificou o encontro como "extremamente correto" e disse acreditar que um eventual diálogo não deverá tratar do assunto impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas sim de uma "agenda muito superior".
Segundo a edição de ontem da "Folha de São Paulo", Lula teria autorizado amigos em comum a procurar FHC para tentar agendar uma conversa entre os dois sobre a crise política. Wagner destacou que ex-presidentes têm "responsabilidade sobre a nação" e elogiou os dois.
"Acho que precisamos de serenidade e bom senso e imagino que os dois ex-presidentes têm de sobra essas qualidades. Aplaudiria muito se houvesse esse encontro", disse a jornalistas, durante evento da Marinha, em Niterói (RJ).
O ministro afirmou acreditar que um eventual encontro entre Lula e FHC trataria de uma pauta mais ampla que o assunto impeachment. "Porque essa [pauta impeachment] é uma agenda conjuntural. Acho que eles teriam que ter uma agenda de longo curso, pensar o Brasil", opinou.
Wagner defendeu que oposição e situação busquem o diálogo. "O que não podemos perder é o norte. Países que escolheram o caminho de uma dicotomia sangrenta, em que oposição e situação não conversam, não prosperaram. Democracia não convive com isso", disse o ministro.
Wagner comentou ainda sobre a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de romper com o governo federal. O ministro classificou como uma "decisão pessoal" a iniciativa do deputado e disse não acreditar que Cunha conduzirá a presidência da Casa pela pauta da oposição.
"O posto dele [Cunha] é de magistrado e acho que quem senta na cadeira da presidência da Câmara tem a consciência, e o deputado Eduardo Cunha tem, de que aquele é um posto que não é nem da oposição, nem do governo", comentou Wagner.
Presente no evento, o ministro de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, reiterou o discurso. "Se fosse pautada apenas na sua recente declarada opção oposicionista, o governo não teria aprovado as medidas do ajuste fiscal ", avaliou o ministro.
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