• Bancadas da legenda da presidente divulgam notas apontando "golpismo" da oposição, enquanto base adota tom mais ameno
Erich Decat, Rafael Moraes Moura e Ricardo Della Coletta – O Estado de S. Paulo
PT e aliados divergiram ontem sobre o tom das notas de apoio à presidente Dilma Rousseff, explicitando a diferença na estratégia para combater a crise política. Enquanto as bancadas petistas na Câmara e no Senado optaram em suas notas por classificar de "golpista" a oposição, com trechos como "o partido tucano assumiu de vez, e sem qualquer pudor, a camisa do golpismo", os aliados preferiram demonstrar na nota assinada por oito siglas da base (PT, PMDB, PDT, PROS, PRB, PC do B, PR e-PSD) "convicção" nos argumentos do governo sobre as contas de 2014 e reafirmar "respeito à Constituição Federal e seu inarredável compromisso com a vontade popular expressa nas urnas e com a legalidade democrática."
O presidente do PT, Rui Falcão, defendeu que a nota dos aliados contivesse um tom mais efusivo em defesa da presidente e menções diretas ao Tribunal de Contas da União (TCU) . Isso acabou por causar constrangimento aos líderes das siglas da base, que preferiram divulgar urna nota mais "amena" e com apenas citação indireta ao tribunal. Prevaleceu o entendimento de que os ministros do tribunal ainda não se pronunciaram sobre o processo das "pedaladas fiscais".
Em razão disso, uma citação aos membros poderia desencadear uma reação negativa. Falcão chegou com a nota pronta na reunião realizada na vice-presidência da República com lideranças da base aliada, mas teve que fazer mudanças defendidas por alguns dos presentes. Foram retirados do texto ataques diretos à oposição, liderada pelo PSDB, do senador Aécio Neves (MG), o que fez com que o PT produzisse suas próprias notas, mais contundentes.
"Não há crise política nenhuma, as instituições estão funcionando regularmente", disse Falcão, ao deixar o gabinete do vice-presidente. Chamou a atenção o fato de o texto final da nota dos aliados não ter sido assinado por duas legendas da base. O PP, que detém o Ministério da Integração Nacional, e o PTB, que tem indicados no segundo escalão do governo.
Somados, os partidos que assinam a nota têm 263 deputados, seis a mais que o quórum exigido para abertura de um processo de impeachment. A nota também não menciona o processo sobre as prestação de contas da última campanha presidencial, que também deverá ser avaliado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), neste segundo semestre. Segundo fontes, isso ocorreu porque o processo imediato a ser avaliado é o do TCU.
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