sábado, 8 de agosto de 2015

Empresários estão céticos sobre retomada de diálogo

Mônica Scaramuzzo, Cleide Silva, Adriana Fernandes e Luciana Nunes Leal – O Estado de S. Paulo

Os empresários brasileiros estão apreensivos com a crise política e econômica que se agrava a cada dia e estão reticentes em relação a uma possível reaproximação da presidente Dilma Rousseff, que busca, novamente, retomar o diálogo com a nata do empresariado do País para criar uma agenda positiva.

"Todo mundo quer que o País vá bem. É nessa direção que os empresários discutem uma saída para conter a crise, mas há pouco diálogo (com o governo)", afirmou ao Estado um dos principais empresários da área de infraestrutura. Outro empresário de peso, que já esteve mais próximo do governo, também é reticente em relação a uma nova rodada de conversa com a indústria. "Por enquanto, não houve convite."

O governo está em busca de uma agenda positiva para poder apresentar e reanimar a economia. Na quarta-feira, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, fez uma declaração à imprensa convocando o Congresso a "reunificar o País".

Ontem, as Federações das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Rio de Janeiro (Firjan) divulgaram nota conjunta em defesa da posição expressada por Temer, na qual reafirmam que o momento econômico e político brasileiro "é de responsabilidade, diálogo e ação para preservar a estabilidade institucional do Brasil".

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, afirmou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que o País caminha para o caos, se não houver entendimento entre o Congresso e o governo. Segundo ele, a publicação nos jornais de nota paga pelas duas federações "em prol da governabilidade do País" foi uma reação natural frente à manifestação de dois dias atrás do vice-presidente de pedir a busca do entendimento.

"Quando o vice-presidente Michel Temer fala da necessidade de equilíbrio e serenidade, é por essa razão que apoiamos", disse. Skaf disse que não se pode permitir um "tsunami" que comprometa o emprego de milhares de trabalhadores e o patrimônio das empresas brasileiras que levou séculos para ser construído. Para ele, está faltando a preocupação com a solução dos problemas. "Temos que buscar soluções. E essas só vêm com as pessoas que se entendem", disse.

O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, afirmou ontem que a responsabilidade em buscar saída para a crise é "da situação e da oposição". "Políticos da situação e da oposição foram eleitos para promover o Brasil, e hoje a discussão coloca o Brasil em um nível muito menor do que deveria. O Brasil é maior do que essa disputa eleitoreira, partidária", avaliou. "É hora de ter uma dose de estadista. Não me refiro à presidente Dilma Rousseff em particular, me refiro aos políticos de maneira geral."

Manifestação. Na quarta-feira, a partir das 8h, a Associação Comercial e Industrial de Santo André (Acisa), o Ciesp/Santo André e a OAB realizarão um ato em defesa dos empregos da indústria no ABC e pela retomada do desenvolvimento econômico regional. O movimento foi batizado de "Reage ABC".

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