- Folha de S. Paulo
"Eu acho que o meu problema foi ter sido honesto demais. Ensaiei aquela fala, porque sabia da sua importância e não queria errar. Meu objetivo era fazer um chamamento pela unidade do país."
Foi assim que o vice-presidente Michel Temer comentou, exatamente uma semana depois, sua polêmica frase na qual disse que o Brasil precisava de "alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos".
Desde aquele episódio, o peemedebista sente que o clima não foi o mesmo para ele dentro do Palácio do Planalto. Piorou e muito.
Naquele dia, recostando-se na cadeira, Temer disse a interlocutores que falou pensando em ajudar o governo e o país numa hora de elevada temperatura da atual crise.
Com um certo alívio, recorda-se que avisou à presidente, momentos antes, que daria uma declaração em nome da unidade do Brasil.
Reconheceu, ali, que errou por ter sido sincero demais. Foi traído pela honestidade ao dizer em público o que todos estavam comentando nos bastidores, inclusive Lula –que mais tarde o elogiou pela fala.
A partir dali, o cristal trincou. Petistas viram em sua frase uma conspiração contra a presidente Dilma, de alguém que se apresentava como o "cara" para unificar o país.
Tal avaliação deixa amigos do peemedebista bem irritados. Um deles diz que ele sempre foi leal à presidente Dilma Rousseff, apesar de ela nem sempre dar motivos para tal.
Sobre a tese da conspiração, o fiel escudeiro afirma: "Ou você não pensa em algo assim, que é o caso do Michel, ou, se pensa, nunca diz".
Enfim, o vice-presidente está com um pé fora da função de articulador político. Seu grupo avalia que o Planalto, depois do ajuste fiscal aprovado, voltará a ser tratado como antigamente, como intruso no ninho.
Um grande equívoco. A crise está longe de ser superada. Sem o apoio do PMDB, ela só vai piorar. O desfecho sobre a decisão de Temer está nas mãos da presidente. A conferir.
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