sábado, 31 de outubro de 2015

Maduro sobe o tom de ameaças à oposição

• Presidente diz que ‘não entregará a revolução’ à oposição em caso de derrota nas eleições parlamentares de dezembro

EFE - O Estado de S. Paulo

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na noite de segunda-feira, 29, que no cenário hipotético de uma vitória da oposição nas eleições parlamentares de 6 de dezembro, ele disse que “não entregaria a revolução” e passaria a governar com o povo numa união cívico-militar
“ Se esse cenário ocorrer, a Venezuela entrará numa das etapas mais obscuras e comoventes de sua vida política e nós, defendendo a revolução, não a entregaríamos e ela entraria em uma nova etapa”, disse Maduro ao canal estatal VTV. “Quem tenha ouvidos que escute e quem tenha olhos que enxergue: jamais abdicaremos das história e da revolução”

Na segunda-feira, Maduro disse que a revolução bolivariana estava em “estado de emergência” e pediu um plano “antigolpe” para evitar a derrota em 6 de dezembro. “Sabemos de antemão que eles não vão reconhecer as eleições, que não estão fazendo campanha e buscam apoio internacional para fazer mal à Venezuela”, afirmou o presidente na ocasião.

Em razão do agravamento da crise econômica no país, provocado pela forte queda no preço do petróleo, a popularidade de Maduro caiu a níveis mínimos desde que o chavismo assumiu ao poder. Analistas estimam que as chances de a oposição sair-se vencedora é grande, mas a coalizão Mesa de Unidade Democrática tem alertado para o risco de fraudes.

Nas últimas semanas, Maduro rejeitou a indicação do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim como monitor da eleição em nome da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O presidente também ampliou o estado de exceção no Estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia, principalmente em municípios que tendem a votar pela oposição. Nesses lugares, reuniões públicas, como comícios eleitorais, estão proibidas.

Desde que o presidente Hugo Chávez chegou à presidência, a Venezuela teve duas eleições para o Parlamento do país. A primeira, em 2005, foi boicotada pela oposição e o governo teve todos os assentos da Assembleia Nacional. Na segunda, em 2010, a MUD conseguiu tirar do chavismo a maioria qualificada, mesmo após a Justiça eleitoral ter alterado a configuração dos distritos eleitorais em um desenho que elegia mais deputados em distritos chavistas.

Antes da posse da nova Assembleia, no entanto, o Parlamento aprovou uma Lei Habilitante que permitiu a Chávez governar por decreto praticamente até sua reeleição, em 2012. Já com Maduro no poder, deputados opositores foram cassados e substituídos por suplentes chavistas.

López. Ainda ontem, o ex-procurador venezuelano do caso do líder opositor Leopoldo López disse que esta semana pediu desculpas, por telefone, aos pais do político preso, depois de fugir do país para evitar ser pressionado pelo governo no julgamento de um recurso.

“Tenho vergonha. Acabei com uma família”, disse Franklin Nieves. Ele acusa o governo venezuelano de pressioná-lo a utilizar provas falsas para condenar López. “Na Venezuela governa o medo, que é a forma da lei”, disse. / EFE

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