Daniela Lima, Valdo Cruz, Gustavo Uribe, Bela Megale – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, SÃO PAULO - Os sinais de que integrantes do PMDB próximos a Michel Temer estão se afastando da presidente Dilma Rousseff deram força ao grupo que atua para viabilizar o apoio formal da oposição a um eventual governo liderado pelo hoje vice-presidente.
Segundo a Folha apurou, lideres tucanos em conversas ainda informais, têm admito que o PSDB "não vai se furtar" a apoiar um eventual governo Michel Temer caso a presidente Dilma Rousseff sofra o impeachment.
Ainda não houve uma reunião formal da cúpula do partido sobre o tema, mas alguns tucanos já tiveram conversas com aliados do vice e ouviram a sinalização de que Temer, caso assuma o comando do Planalto, não pretende se candidatar à reeleição. O gesto é visto como ponto importante para unir PMDB e PSDB em torno do vice.
O pedido de demissão do ministro peemedebista Eliseu Padilha (Aviação Civil), na última sexta (4), foi visto pelos que têm trabalhado para firmar um pacto em torno de Temer como uma resposta às exigências de líderes da oposição de que a ala que dá suporte ao vice no PMDB assuma a dianteira da articulação do impeachment.
A estratégia de Temer de se manter longe do Planalto e de Dilma desde a formalização da tramitação do pedido de afastamento na Câmara, na última quarta (2), também.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), tem evitado conversar diretamente com Temer, mas desde setembro envia recados de que os tucanos só iriam se engajar oficialmente no afastamento de Dilma a partir do momento que o PMDB liderasse o processo.
O mesmo aceno foi feito pelo presidente do DEM, senador José Agripino (RN). "Antes de contar com a oposição, Temer precisa engajar o PMDB", afirmou.
Os dois partidos têm membros envolvidos na operação que busca garantir o suporte da oposição ao peemedebista, caso ele assuma o poder. No PSDB, o senador José Serra (SP) é o único a defender abertamente o embarque formal dos tucanos em uma eventual gestão de Temer. Os demais preferem admitir essa possibilidade apenas nos bastidores.
Citado por aliados do vice como nome certo num eventual ministério pós-impeachment, Serra tem defendido que a adesão a Temer seria um sinal de "compromisso com o país".
O tucano trabalha para mitigar resistências ao embarque dentro do próprio PSDB, mantendo conversas constantes, por exemplo, com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Alckmin ainda resiste à tese de que tucanos devam ocupar postos numa eventual gestão peemedebista. Mas, após o recebimento do pedido de impeachment, pessoas próximas ao paulista passaram a admitir que ele poderá fazer uma inflexão no discurso. Neste sábado, ele se encontrou com Temer em São Paulo.
O maior temor do Palácio do Planalto é justamente essa aproximação entre PSDB e PMDB. Apesar de declarações públicas de ministros de Dilma de que o vice continuará apoiando a presidente, assessores da presidente admitem que não estão claras as intenções de Temer. Na visão de um assessor próximo, ele está se preservando com foco em assumir o lugar da petista.
No PMDB, a ala que tenta angariar apoio ao vice na oposição também ganhou reforços. O ex-presidente José Sarney, por exemplo, passou a conversar com tucanos influentes, como o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE).
Integrante da ala mais moderada de seu partido, Tasso é um dos nomes mais próximos a Aécio no Senado. Ele é visto, ao lado do colega Aloysio Nunes (PSDB-SP), como o interlocutor de Aécio nas conversas com Temer e o PMDB.
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