Marina Dias, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto ofereceu um ministério à bancada do PMDB de Minas Gerais para tentar selar a recondução de seu aliado, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), à liderança do partido na Câmara.
Auxiliares da presidente Dilma Rousseff acenaram com a Secretaria de Aviação Civil para o deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG), que não respondeu oficialmente ao convite do governo, mas tem dito a aliados estar disposto a assumir o cargo e apoiar Picciani.
A intervenção mais incisiva do governo na disputa pela liderança do PMDB tem o objetivo de minar a construção de um consenso na bancada mineira em torno de um nome que possa rivalizar com Picciani, como Leonardo Quintão e Newton Cardoso Jr.
Ciente da ofensiva do Planalto, o vice-presidente, Michel Temer, disse a aliados que não vai interferir no processo e que avalia que hoje o cenário é mais favorável à recondução de Picciani.
Para a cúpula do PMDB, somente a união da bancada mineira seria capaz de inviabilizar o deputado carioca na disputa, que está marcada para 3 de fevereiro.
Uma das preocupações de Temer é que sua intervenção direta no processo possa fortalecer o movimento capitaneado pelo PMDB no Senado, quearticula a saída do vice do comando da sigla.
As alas carioca e mineira do partido são as duas com maior peso na convenção nacional do PMDB, marcada para março, e que vai decidir se Temer continua ou não na presidência da legenda.
Segunda vez
Em dezembro, o vice-presidente rivalizou com o Planalto e atuou para evitar o retorno de Picciani à liderança do PMDB –o deputado havia sido destituído do cargo com o apoio de mais da metade da bancada da sigla na Câmara.
Enquanto isso, o governo articulava a filiação ao PMDB de parlamentares que ajudariam a reconduzir Picciani ao posto, o que irritou Temer e seus aliados.
Na época, a Executiva Nacional do partido, presidida pelo vice-presidente, publicou resolução para barrar a filiação de novos deputados.
O Palácio do Planalto e o PMDB no Senado, porém, conseguiram reverter a decisão e devolver Picciani ao posto oito dias depois dele ter sido substituído por Leonardo Quintão.
Para tentar chegar a um consenso sobre as regras da eleição do novo líder, a bancada do PMDB se reunirá nesta terça-feira (12) para discutir os critérios de escolha.
O grupo favorável ao impeachment de Dilma dentro do PMDB defende que Picciani só poderá ser reeleito se tiver o apoio de dois terços da bancada.
Segundo eles, a condição foi acordada no início do ano passado, quando o deputado foi eleito líder.
Picciani, porém, alega que não houve definição sobre o tema e que basta conquistar maioria simples para ser reconduzido ao cargo.
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