Por Victória Mantoan, Estevão Taiar, Raymundo Costa e Andrea Jubé - Valor Econômico
SÃO PAULO E BRASÍLIA - Cerca de 3,4 milhões de pessoas em todo o país foram às ruas ontem em 262 cidades para protestar contra o governo e também para apoiar as investigações da Operação Lava-Jato. Em São Paulo, na Avenida Paulista, no auge do evento, às 16 horas, concentraram-se 500 mil pessoas segundo o Datafolha e 1,4 milhão segundo a Polícia Militar. Nas manifestações de 15 de março do ano passado, o Datafolha registrou 210 mil e a Polícia, 1 milhão.
Em geral, as manifestações nas várias cidades tiveram números de participantes maiores que os de março do ano passado. E, pela primeira vez, líderes políticos da oposição participaram de ato público pelo impeachment em São Paulo. O governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB) e o presidente do seu partido, senador Aécio Neves (MG), foram cumprimentados por alguns e hostilizados por outros manifestantes na Avenida Paulista. Alguns gritaram "Fora, Alckmin" para o governador e "ladrão, o próximo é você" para o senador. A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) também foi hostilizada e teve que se retirar da avenida.
A grande adesão ao protesto deve dar gás para o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma. Antes da avalanche de ontem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já havia decidido deflagrar o impeachment nesta semana. Agora, ele se sente bem mais à vontade para imprimir o ritmo que leve a uma decisão em 45 dias.
A presidente Dilma Rousseff tentará criar um fato político de peso nesta semana, numa tentativa de esboçar reação aos atos de ontem. A nomeação do ex-presidente Lula para o ministério, na visão do Planalto, poderia retardar esse processo, mas há dúvidas se isso terá efeito de longo prazo e se será suficiente para impedir o impeachment. Além disso, auxiliares do Planalto defendem o diálogo com a oposição, inclusive com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Apesar do provável desembarque de aliados do governo, Dilma aposta no apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tenta segurar seu partido na base aliada com a implantação de um "semipresidencialismo".
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