- Folha de S. Paulo
Enquanto Michel Temer nomeia e demite ministros de um governo que ainda não começou, cresce o número de políticos interessados em abreviar sua permanência no palácio. A ideia é reviver a campanha das Diretas Já, forçando a antecipação das eleições presidenciais previstas para 2018.
Ontem duas reuniões trataram do assunto. Em Brasília, um grupo de senadores tentou engajar o ex-presidente Lula na causa. No Rio, a ex-senadora Marina Silva pediria o apoio de artistas e intelectuais, em encontro na casa da atriz Cássia Kis.
Os defensores das novas Diretas sustentam que Temer não terá legitimidade nem apoio popular para governar. Como a permanência de Dilma Rousseff se tornou uma hipótese remota, a melhor saída seria devolver o poder de decisão ao eleitor.
O vice-presidente não quer nem ouvir falar na proposta. Na terça-feira, ele se apropriou do discurso dos petistas e disse que a antecipação das eleições seria um "golpe" porque não está na Constituição. Há apenas quatro meses, o mesmo Temer defendia a adoção de um regime "semiparlamentarista", que também não aparece na Carta.
Aliados pressionam Dilma a abraçar a tese. Ela teria um prazo curtíssimo, de duas semanas, para enviar a proposta ao Congresso antes que o Senado vote seu afastamento.
A ideia das novas Diretas parece utópica, para não dizer inviável. Para aprová-la por emenda constitucional, seria necessário convencer três quintos do Senado e da Câmara, onde a presidente acaba de sofrer uma derrota acachapante.
O único cenário possível seria o de um fracasso rápido e retumbante de Temer, seguido por uma gigantesca mobilização popular. Ocorre que o vice ainda nem sentou na cadeira, e a bandeira das novas eleições precisaria ganhar as ruas em tempo recorde.
Além disso, seria necessário unir forças rivais em torno da causa. Será que alguém imagina ver Lula e Marina no mesmo palanque?
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