• Vice negocia espaço em eventual governo com siglas que apoiam o impeachment da presidente Dilma
Simone Iglesias - O Globo
-BRASÍLIA- Além do PMDB, mais nove partidos deverão ter ministérios no governo Michel Temer: PSDB, DEM, PSD, PR, PRB, PTB, PP, SD e PSB. Destes, só o PMDB e o PSDB deverão ter mais de um nome no primeiro escalão. As demais legendas que apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff, como PPS, terão, como compensação, cargos-chave nas 20 maiores estatais e autarquias, como Petrobras, FNDE, Itaipu, Dnocs, Codevasf, entre outros.
Depois de definir seus núcleos político e econômico, que será liderado por Henrique Meirelles, Temer inaugurou ontem os acertos com os partidos aliados. Depois de receber do PSDB apoio formal ao seu governo, o vice espera contar com ao menos dois tucanos na Esplanada. Os mais cotados até o momento são os senadores José Serra (SP), na Educação ou na Saúde; e Aloysio Nunes Ferreira, que é visto como uma opção para o Ministério das Relações Exteriores.
À tarde o presidente do PSDB, Aécio Neves, teve uma longa conversa com Serra para relatar o encontro com Temer e discutir sua possível ida para o ministério. Embora tenha dito nas conversas com os tucanos que não aceitaria o convite para a Educação, o senador teve um encontro com pessoas da área durante a tarde. Após o encontro com Aécio, Serra disse que não vai falar sobre indicações por enquanto.
A ideia de Temer é encontrar ministros que tenham afinidade com o setor que comandarão mas que também tenham peso político em seus partidos. Um modelo dessa proposta são os nomes cotados para a Agricultura, que tem como nomes mais fortes até agora o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), histórico defensor do agronegócio, e o deputado Marcos Montes (PSD-MG), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. Uma terceira alternativa avaliada por Temer é o ex-ministro Roberto Rodrigues, de perfil mais técnico e amplo apoio no agronegócio.
O PSD, de Gilberto Kassab, também poderá continuar exatamente onde esteve na gestão de Dilma até a semana passada, quando pediu demissão para apoiar o impeachment: no Ministério das Cidades. Só que dificilmente acumularia esse posto com a Agricultura. Apesar de Henrique Meirelles também ser filiado ao PSD, sua indicação para a Fazenda é considerada “cota pessoal” e técnica.
Ao PP, nas negociações pré-impeachment, havia sido sinalizado que poderia manter a Integração Nacional e ainda ganhar o Ministério da Saúde. No entanto, o discurso foi modulado pelo grupo de Temer, que fala agora em perfil adequado para cada pasta e já deixa clara a impossibilidade de dar dois ministérios dessa importância para a legenda e ainda reduzir o número de pastas na Esplanada para cerca de 20. Na noite de ontem, numa tentativa de se desvencilhar da pecha de fisiológico, o PP formou um grupo que irá elaborar propostas que servirão de base para negociações com Temer.
A nomeação se tornou folclórica pelo quase que total desconhecimento de Hilton da área. No entanto, o PRB é a grande dificuldade de Temer para conciliar nomes técnicos e com forte presença política. O nome mais forte da legenda para assumir uma pasta, por ora, é o do presidente do partido, Marcos Pereira, que garantiu o desembarque da legenda do governo Dilma e a totalidade dos votos dos deputados a favor do impeachment.
As conversas sobre nomes e pastas ainda estão em fase inicial com PTB e SD. No PSB, houve negociações preliminares e chegou-se a cogitar os nomes do vice na chapa de Marina Silva, Beto Albuquerque, e do ex-senador Renato Casagrande, para ministros.
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