• Lodi Ribeiro foi questionado por ex-sociedade com ministro do STF e disse que estava ali como professor
- O Globo
As tentativas do ministro da Fazenda Nelson Barbosa e do professor de Direito da Uerj Ricardo Lodi Ribeiro de explicar de forma didática as pedaladas fiscais e os decretos de crédito sob questionamento no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff geraram provocações entre os deputados após a sessão. Enquanto Paulo Teixeira (PT- SP) destacava que a audiência tinha esclarecido que as pedaladas não eram uma operação de crédito, o deputado Carlos Marun (PMDB- MS), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB- RJ), comparou a situação a um calote.
— Eu entendi, foi um cheque borrachudo. Mandou o cheque, não tinha fundo, o banco olhou, mas viu que era do governo e não cobrou. E aí o governo foi fazendo outros cheques — ironizou Marun.
Antes da exposição de Lodi Ribeiro, o ambiente ficou tenso quando o deputado Júlio Lopes (PP- RJ) destacou o fato de o professor ter sido sócio do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, indicado por Dilma à Corte, e de o escritório ter contrato com a Eletronorte. Ribeiro respondeu que estava ali como professor e não como advogado de Dilma. Causou ainda mais polêmica ao dizer que a defesa dela seria feita pela Advocacia- Geral da União (AGU). Oposicionistas dizem que a AGU é órgão de Estado e não poderia fazer este ato.
Outro momento de embate foi quando o líder do Solidariedade, Fernando Francischini (PR), leu trechos de um telefonema entre Nelson Barbosa e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgado na Lava- Jato. Lula pedia ao ministro interferência na Receita Federal.
Deputados contrários ao impeachment interromperam o colega e alguns lembraram o fato de Francischini ser secretário de segurança do governo do tucano Beto Richa, no Paraná, onde policiais agrediram professores, que protestavam contra projeto de lei que mudava previdência estadual. O líder rebateu com ataques ao PSOL, mas posteriormente pediu desculpas e os ânimos foram apaziguados.
No fim, os deputados governistas ficaram satisfeitos com a exposição, enquanto os favoráveis ao impeachment consideraram as explicações insuficientes para mudarem de opinião.
— Nós estamos a julgar uma peça jurídica, se houve crime ou não houve crime. E ficou claro que não houve — disse Teixeira.
— É um governo que faz fraude fiscal, cometeu crime de responsabilidade fiscal e não quer assumir. Desequilibrou de tal forma o país que estamos em recessão — atacou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
Como já havia previsão de encerramento da sessão da comissão do impeachment para votações em plenário, no fim não houve muita reclamação dos que não conseguiram falar. O próximo ato da comissão deve ocorrer na próxima segunda-feira, quando vence o prazo para apresentação da defesa de Dilma.
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