- Folha de S. Paulo
Com a possível destituição de Dilma Rousseff, avizinha-se o governo Michel Temer. Nossas melhores esperanças são que a Lava Jato produza o quanto antes uma nova bomba que inviabilize de vez essa gestão e nos force a convocar eleições presidenciais, nos termos da Constituição.
Não é que um governo Temer seria necessariamente pior que Dilma 2. Só a troca de gerência já daria ao talvez futuro presidente uma curta janela de oportunidade para implementar uma ou outra medida econômica que, se não bastará para resolver a encrenca fiscal nem para restaurar a confiança de consumidores e empresários, ao menos interromperia o ciclo de deterioração de expectativas que foi a marca do atual governo.
O problema, me parece, é que não há um consenso da sociedade acerca do que deve ser feito para nos tirar da crise, o que limita bastante o campo de ação de Temer. Basta lembrar que, até aqui, parte significativa dos deputados do PMDB votou numa agenda populista incompatível com tentativas sérias de ajustar as contas públicas. Eles mudariam de posição? E os representantes de outros partidos do núcleo de apoio? Será que investiriam no sucesso do vice convertido em presidente (e com possibilidade jurídica de reeleição) ou aquiesceriam aos desejos mais imediatos de suas bases?
A verdade é que a sociedade ainda não se posicionou se prefere uma radicalização à esquerda, como a que Dilma em desespero agora esboça, ou uma saída mais sensatamente ortodoxa. A eleição presidencial, em que pese o panorama não muito alentador de possíveis candidatos, serviria ao menos para definir o rumo que o país pretende seguir. Isso, é claro, se desta vez as campanhas entabularem um debate honesto.
Um governo Temer poderia, sim, ser pior que o de Dilma se costurasse um acordão para enterrar as investigações. É em relação a isso que a população precisa ficar atenta.
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