• Presidente do Senado afirmou nesta quinta-feira, 31, ter considerado 'precipitada' a reunião da Executiva Nacional do PMDB que determinou o rompimento formal do partido com o governo
Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quinta-feira, 31, ter considerado "precipitada" a reunião da Executiva Nacional do PMDB que determinou o rompimento formal do partido com o governo. Segundo ele, havia um acordo firmado na reunião da convenção do partido, que no dia 12 reelegeu o vice-presidente Michel Temer para mais um mandato à frente da legenda, de não se votar na ocasião moções.
Contudo, Renan disse que aquele ato "surpreendeu" pois se votou a moção que dava inicialmente 30 dias de prazo para decidir se mantinha o apoio ao governo. A apreciação dessa moção foi antecipada pela Executiva Nacional para a terça-feira (29), ocasião em que a direção partidária aprovou um texto que determinava a "entrega imediata" dos cargos na gestão Dilma Rousseff.
"É evidente que isso (a decisão do rompimento) precipitou reações em todas as órbitas: no PMDB, no governo, nos partidos da sustentação, nos partidos da oposição, o que significa em outras palavras, em bom português, não foi um bom movimento, um movimento inteligente", criticou Renan, em entrevista após participar de uma solenidade no plenário do Senado sobre a participação feminina na política.
O presidente do Senado fez questão de destacar que, quando o PMDB reelegeu Temer como presidente na chapa única, o partido demonstrou uma "férrea unidade", mostrando que pode estar unido mesmo na adversidade. Ele disse que a avaliação de que a reunião que levou ao rompimento foi um movimento "pouco calculado" é feita independentemente do que vai ocorrer em relação aos ministros do partido que ainda não deixaram os cargos.
Renan repetiu que não tem acompanhado a discussão em torno da ocupação do PMDB na Esplanada a fim de resguardar a independência e isenção da instituição que preside. Ele disse que, mesmo tendo encontrado com três ministros do partido, após o encontro da Executiva na terça-feira, não sabia naquela ocasião nem sabe hoje qual decisão cada um vai tomar. Ele se reuniu com Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura) e Helder Barbalho (Portos).
O peemedebista preferiu não comentar se há uma "pressa" da parte do PMDB em sentar na cadeira de presidente da República.
Oposição. O presidente do Senado disse que, embora não fale pelo partido, não acredita que o PMDB vá para a oposição caso o impeachment de Dilma não seja aprovado pelo Congresso. Ele afirmou que não vê, em qualquer cenário, que a legenda vá liderar uma corrente antigoverno no Parlamento. Para ele, a maioria parlamentar já está tão difícil de se formar e será mais ainda se o PMDB se ausentar.
"Eu acho que não (o PMDB ir para a guerrilha) porque, na medida em que você permite a radicalização das posições, você deixa de defender o interesse nacional e quando você abre os olhos apenas para a disputa de poder e fecha os olhos para a defesa de valores como a democracia, a liberdade, a governabilidade, você sem dúvida inverte os papéis", avaliou.
Colaborou: Ana Fernandes
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