Por Murillo Camarotto, Daniel Rittner e Maria Cristina Fernandes - Valor Econômico
BRASÍLIA e SÃO PAULO - O vice-presidente da República, Michel Temer, enviou ontem mensagem de voz a parlamentares e assessores na qual antecipa promessas e planos de governo que pretendia tornar públicos depois da aceitação, no domingo, do processo de impeachment da presidente Dilma. No áudio, revelado inicialmente pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, ele fala da necessidade de um governo "de salvação nacional".
A assessoria do vice-presidente informou que o objetivo era responder a pedidos de orientação por parte de aliados. No áudio, entretanto, Temer se dirige "ao povo brasileiro". Em entrevista, ele admitiu que a manifestação seria feita após votação do pedido de impeachment.
O Valor apurou que foi o consultor de comunicação Gaudêncio Torquato quem convenceu Temer a gravar uma minuta do pronunciamento, em São Paulo. O áudio, de 13 minutos e 51 segundos, foi gravado no iPhone de Temer pouco antes do meio-dia. Gaudêncio o receberia por e-mail. Mas foi parar no grupo de WhatsApp coordenado pelo ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha e integrado por cerca de 50 parlamentares. Às 13h20, o Valor PRO noticiou o conteúdo do discurso e revelou que o áudio já circulava entre pemedebistas.
O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que, ao assumir o impeachment de Dilma como fato consumado, Temer admite que está disputando uma eleição indireta. "Ele está disputando votos. Nenhum golpe pode produzir união nacional", declarou.
Na gravação, Temer diz que o Estado é essencial em áreas como segurança, saúde e educação e o resto "tem que ser transferido para a iniciativa privada". Avisa que "serão necessários sacrifícios" e que em três ou quatro meses terá sido possível começar a encaminhar soluções para a crise. Promete reformas política, tributária, trabalhista e previdenciária, sem ferir direitos adquiridos. E garante que programas sociais não acabarão. "É mentira. É fruto da política rasteira que tomou conta do país", diz.
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