Patrícia Campos Mello – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) viaja a Washington nesta semana para fazer uma contraofensiva de relações públicas com a finalidade de dizer a legisladores e autoridades dos EUA que o impeachment da presidente Dilma Roussef "não é golpe".
Na quinta-feira (14), o vice-presidente Michel Temer ligou para Aloysio, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e manifestou indignação com as recentes declarações de Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), e Ernesto Samper, Secretário Geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Os dois criticaram o processo de impeachment contra a presidente Dilma.
Nesta sexta (15), após se encontrar com Dilma em Brasília, Almagro divulgou nota dizendo que a OEA chegou à conclusão que o impeachment, se levado a cabo, "constitui um ato de flagrante ilegalidade".
Segundo a nota da OEA, não existe uma acusação penal contra a presidente, apenas de má gestão de contas públicas e que esta é "uma acusação de caráter político, que não justifica um processo de destituição".
Na conversa com Aloysio, Temer disse que está em curso uma campanha que visa a desmoralizar as instituições brasileiras e pediu uma "contraofensiva" de relações públicas no exterior.
Em Washington, o senador tucano vai se encontrar com Thomas Shannon, subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado e ex-embaixador em Brasília; com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA, Bob Corker, e com empresários americanos em almoço organizado pelo Albright Stonebridge Group, da ex-secretária de Estado Madeleine Albright, muito próxima da presidenciável Hillary Clinton. A viagem havia sido planejada anteriormente, diz Aloysio.
"Vamos explicar que o Brasil não é uma república de bananas, as instituições funcionam e os direitos são respeitados, ao contrário do que petistas vêm dizendo", disse.
Segundo a Folha apurou, Temer e o grupo de pessoas próximas ao vice também estão muito preocupados com os e-mails que foram disparados por alguns diplomatas para embaixadas estrangeiras, afirmando que a oposição estaria tentando dar um golpe de Estado no Brasil. "Isso contamina a imagem do Brasil no exterior", diz um interlocutor do vice.
Aloysio tinha uma reunião com Almagro em Washington, mas cancelou o encontro depois de declarações do uruguaio. Ao jornal "El País", Almagro declarou que Dilma não responde por nenhum ato ilegal que justifique o impeachment. " [Dilma Rousseff] não é acusada de nada, não responde por nenhum ato ilegal. É algo que verdadeiramente nos preocupa, sobretudo porque vemos que entre os que podem acionar o processo de impeachment existem congressistas acusados e culpados."
Aloysio enviou uma carta ao secretário-geral da OEA dizendo que o uruguaio tem completo "desconhecimento sobre a situação política brasileira" e sua vinda às vésperas da votação do impeachment da presidente é um "gesto oportunista".
Nenhum comentário:
Postar um comentário