• Vídeo seria veiculado em cadeia nacional, mas foi distribuído na internet
Jorge Bastos Moreno, Catarina Alencastro e Eduardo Barretto – O Globo
Em vídeo gravado ontem para ser exibido na TV e editado para ser distribuído na internet, a presidente Dilma acusou a oposição de querer acabar com os programas sociais de seu governo, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, como antecipou ontem o Blog do Moreno. A presidente repetiu o tom do discurso que adotou na campanha à reeleição, em 2014.
— Se conseguirem usurpar o poder será necessário impor sacrifícios à população brasileira. Querem revogar direitos e cortar programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Ameaçam até a educação publica. Querem mudar o regime de partilha do pré-sal e entregar às multinacionais estrangeiras — afirmou.
No áudio que vazou para correligionários do PMDB, no começo da semana, o vice-presidente Michel Temer garantira que não mexeria nos programas sociais do governo, caso assuma a presidência depois de um eventual impeachment de Dilma. Temer citou o Bolsa Família e o Pronatec.
Dilma, no vídeo de seis minutos, disse que os “golpistas”, como vem chamando os defensores do impeachment, colocam em jogo as conquistas sociais e os direitos dos brasileiros. Segundo a presidente, a oposição não se conformou com o resultado das urnas:
— O que está em jogo na votação do impeachment é o respeito à vontade soberana do povo brasileiro, o respeito às urnas. O que está em jogo são as conquistas sociais e os direitos dos brasileiros. Por isso é minha obrigação esclarecer os fatos e denunciar os riscos dessa aventura golpista para o país.
A fala de Dilma iria ao ar em rede nacional de rádio e TV minutos antes do Jornal Nacional. Mas, no meio da tarde, partidos de oposição ingressaram com ações na Justiça para impedir a divulgação do vídeo, o que levou o Planalto a rever a estratégia e decidir que o vídeo seria publicado apenas na internet.
O vídeo foi gravado no Palácio da Alvorada na manhã de ontem, mas devido à decisão de ir apenas para sites de internet, seria editado para que tivesse seu tempo reduzido, adequando-se ao formato do meio.
Em nota, a Secom disse que o vídeo tinha o objetivo de “comunicar sua posição para as redes sociais”:
“A decisão de veicular a mensagem por meio de cadeia de rádio e TV havia sido tomada pela Secom. Após avaliação sobre a estratégia mais adequada para o momento, decidimos que o vídeo da presidenta Dilma alcançaria seus objetivos se amplamente veiculado pela internet”.
Lula já havia divulgado pela manhã nas redes sociais um vídeo no qual diz que o impeachment é golpe e que se for aprovado no próximo domingo agravará a crise. Numa referência ao vice-presidente Michel Temer, ele diz que, sem a legitimidade do voto, ninguém conseguirá governar o país e nem contará com o respeito da população.
— Ninguém conseguirá governar um país de 200 milhões de habitantes, uma das maiores economias do mundo, se não tiver a legitimidade do voto popular. Ninguém será respeitado como governante se não respeitar, primeiro, a constituição e as regras do jogo democrático. Ninguém será respeitado se não prosseguir no combate implacável à corrupção — disse Lula no vídeo.
Lula vê ameaça
O ex-presidente falou aos parlamentares que não se deixem levar pelos compromissos assumidos pelo peemedebista:
— Uma coisa é divergir do governo, criticar os erros, cobrar mais diálogo e participação. Esse é papel do Legislativo que deve ser respeitado. Outra coisa é embarcar em aventuras, acreditando no canto de sereia dos que se sentam na cadeira antes da hora.
Na avaliação de Lula, todas as conquistas da constituição de 1988 e de seu governo estão ameaçadas pelo impeachment.
— Todo esse esforço pode ser jogado fora por um passo errado, um passo impensado, no próximo domingo.
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