sábado, 16 de abril de 2016

Governo faz última ofensiva para tentar barrar impeachment

Gustavo Uribe, Valdo Cruz, Marina Dias, Mariana Haubert, Leandro Colon, Ranier Bragon, Mônica Bergamo – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Diante do risco cada vez maior de uma derrota no domingo (17), o governo Dilma Rousseff deflagrou uma última ofensiva para tentar barrar o processo de impeachment na Câmara dos Deputados e conseguiu reverter alguns votos a seu favor.

Mas sem garantia segura de vitória, a equipe de Dilma decidiu antecipar articulação para a etapa mais importante do processo, o julgamento final no Senado Federal, e já busca votos de senadores.

A gestão petista reconhece que a situação é crítica, mas diz que a oposição, que afirma ter mais de 375 votos contra a presidente, pode ter uma surpresa.

Um assessor presidencial diz que "o jogo ainda não está jogado" e a presidente Dilma "não jogou a toalha".

Segundo ele, o governo está sem "folga" e pode perder ou ganhar por uma margem que, em sua avaliação, seria pequena, cerca de quatro a cinco votos apenas.

Sob orientação do ex-presidente Lula, a petista passou a sexta (15) em estratégia para tentar recuperar apoios perdidos ou aumentar ausências e abstenções na votação em plenário.

No gabinete presidencial, recebeu parlamentares da Bahia, Maranhão, Amapá, Ceará e Paraíba, levados ao Palácio do Planalto a partir de articulação comandada pelos governadores destes Estados.

Entre eles, esteve com a petista o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), que anunciou que votará contra o impeachment.

Aliado do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o parlamentar maranhense havia declarado anteriormente posição favorável ao afastamento da petista e mudou de lado depois que seu adversário local, o ex-presidente José Sarney, passou a atuar contra Dilma.

À Folha o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), disse que o deputado Waldir Maranhão atendeu a um apelo político pessoal seu. "Ele deve levar uns dez votos do PP para a posição contrária ao impeachment", afirmou Dino, que se encontrou com a presidente.

Temer/Cunha
Em reação à ofensiva do governo, a direção do PP decidiu aprovar o fechamento de questão para tentar evitar que deputados pepistas votem com o governo.

O comando do PMDB também decidiu agir para compensar os votos perdidos e passou a buscar votos de deputados ainda considerados indecisos.

Em outros partidos, como PSB e PSD, há movimento para aumentar o número de abstenções e impedir a aprovação da saída de Dilma.

A justificativa para não votar a favor do impeachment seria a de que a alternativa à presidente –o chamado "governo Temer/Cunha", já que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, será o primeiro na linha de sucessão caso Michel Temer assuma a Presidência– seria pior do que a de deixar a petista no comando do país.

Apesar da onda a favor do impeachment, até agora o placar oficial não indicou larga margem de votos contra a presidente, o que deu alento a parlamentares para lançarem esse movimento dentro de suas legendas para tentar reverter algum voto já declarado e mesmo facilitar que "indecisos" como os do PR, por exemplo, pulem para o barco de Temer.

O slogan "nem Dilma nem Cunha" daria a esse grupo justificativa nobre para não optar por nenhum dos dois lados.

Diante da decisão da maioria dos deputados do PSD de votar a favor do impeachment, o principal líder do partido, Gilberto Kassab, pediu demissão do cargo de ministro das Cidades.

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