Divórcio nas eleições municipais é resultado do apoio dos peemedebistas ao impeachment de Dilma
Sérgio Roxo - O Globo
-SÃO PAULO- As cicatrizes da batalha do impeachment vão provocar o afastamento do PT e do PMDB nas eleições municipais deste ano. As duas legendas, que há quatro anos estiveram juntas em oito capitais, agora só discutem aliança em uma: Aracaju. A guerra aberta por causa do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff elevará ainda os confrontos diretos entre os dois partidos nas urnas, que podem saltar de oito em 2012 para até 18 este ano.
Negociações para petistas apoiarem candidatos do PMDB que estavam em discussão ou até já sacramentados, como no Rio, foram enterradas pelo voto de deputados peemedebistas no último dia 17, quando a Câmara aprovou o impeachment. Dos 11 parlamentares do partido do vicepresidente Michel Temer no Rio, nove foram favoráveis ao afastamento da presidente, entre eles o pré-candidato a prefeito da capital, Pedro Paulo.
Como reação, o PT anunciou o rompimento da aliança para a eleição deste ano e a entrega dos cargos no governo do prefeito Eduardo Paes (PMDB). A legenda de Dilma tem o viceprefeito Adilson Pires. Os petistas falam agora em apoiar a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) ou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).
Em Belo Horizonte, vinham ganhando força no início deste ano as negociações para o PT entrar na chapa de um candidato do PMDB. Mas na votação da Câmara no dia 17, os seis deputados federais do PMDB mineiro, inclusive os dois pré-candidatos a prefeito da capital — Leonardo Quintão e Rodrigo Pacheco —, se posicionaram a favor do impeachment. Por causa disso, o PT retomou os planos de ter uma candidatura própria.
Alianças incertas em Aracaju
Em 2012, o PMDB apoiou quatro candidatos do PT a prefeito de capitais (em Belo Horizonte, Cuiabá, Goiânia e São Luís) e recebeu o apoio dos petistas em uma dessas cidades (Rio) — em outras três capitais (Aracaju, Maceió e Manaus), os dois partidos integraram juntos chapas encabeçadas por outras legendas. Neste ano, não há nenhuma negociação avançada para os peemedebistas apoiarem candidatos petistas em capitais, embora o PT do Amazonas alimente a esperança de contar com a sigla de Michel Temer no palanque do pré-candidato a prefeito de Manaus, José Ricardo.
Por outro lado, o PT só cogita apoiar um peemedebista, Zezinho Sobral, em Aracaju. Os petistas são aliados do governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB). A posição, porém, não é consenso e uma ala do partido no estado defende o apoio a Edvaldo Nogueira, do PCdoB, na capital sergipana.
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