quinta-feira, 21 de julho de 2016

Oficializado, Pedro Paulo busca vice

Cristian Klein e Juliana Schincariol – Valor Econômico

RIO - No primeiro dia do período de oficialização de candidatos às eleições municipais deste ano, o PMDB do Rio confirmou em convenção a escolha do deputado federal Pedro Paulo Carvalho como candidato à sucessão do prefeito Eduardo Paes. O ato ocorreu em meio à expectativa de outras definições importantes, como quem o PDT indicará para compor a chapa como vice e se o senador Romário (PSB), que lançou sua pré-candidatura há um mês, desistirá da disputa. Hoje, Romário tem um encontro com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para discutir o tema. A outra opção é a legenda participar como vice do senador Marcelo Crivella (PRB).

O vice na chapa de Pedro Paulo ainda é uma incógnita, e está entre um perfil feminino ou de coloração ideológica à esquerda. O presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, afirmou ao Valor que o PDT está dividido. O dirigente disse que há dúvidas sobre o perfil ideal, que está sendo pesquisado por profissionais de marketing. "Estava se martelando muito no partido que o escolhido seja mulher, ligada à educação, área que é uma marca do PDT. Mas há outro grupo que avalia se é o melhor", afirmou.


A escolha de uma vice é cogitada como vacina para reduzir o desgaste da imagem de Pedro Paulo, alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por ter agredido a ex-mulher em 2010. "Mas isso pode ser entendido como um discurso defensivo e acharem que a vice só foi escolhida por ser mulher", disse Lupi.

As deputadas estaduais do PDT Cidinha Campos e Martha Rocha já se recusaram a compor a chapa. Lupi afirma que o partido ainda tem opções, mesmo de uma militante sem cargo eletivo, como "uma mulher, negra, pós-graduada que já trabalhou com Darcy Ribeiro", disse. Embora não tenha revelado o nome, este é o perfil da bióloga e professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) Maria Amélia Souza Reis. Durante o governo Dilma, ela foi presidente da Fundacentro, órgão de pesquisa sobre segurança do trabalho ligado ao Ministério do Trabalho.

Se for um homem, Lupi afirma que pode ser um pré-candidato a vereador ou alguém de tradição no partido, que leve uma marca de centro-esquerda à chapa. O dirigente não confirma, mas a descrição se encaixa no perfil do presidente do diretório municipal do Rio, Trajano Ribeiro, ex-secretário estadual de Turismo no governo de Leonel Brizola, e de seu filho Augusto Ribeiro, que era secretário de Trabalho de Paes e se licenciou para concorrer a vereador. Lupi descartou a possibilidade de ser ele próprio o escolhido. "Sou carta fora do baralho. Tenho que cuidar do partido", disse. A decisão deve ser anunciada na segunda-feira.

Num espremido auditório, o prefeito Eduardo Paes aproveitou a convenção do PMDB para atacar os adversários de Pedro Paulo. "A gente tem que mostrar quem são os outros candidatos. Quem lidera a pesquisa de intenções de voto é uma pessoa de quem gosto pessoalmente, me apoiou em 2012, mas é preposto do bispo Macedo", disse, em referência a Crivella, cujo tio é o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Edir Macedo.

Paes criticou ainda Marcelo Freixo (Psol), também oficializado ontem como candidato, dizendo que o deputado estadual é um "rapaz cheio de boas ideias mas inspirado num mundo do século passado, que tem como exemplo a Venezuela, onde as pessoas nem comem mais". Sobre Alessandro Molon (Rede), o prefeito afirmou que o deputado federal tem boa aparência e parece piloto de avião, mas que não sabe pilotar. "Ele não sabe se está com PT, se está com a Marina [Silva]", disse, ao citar a líder do Rede Sustentabilidade e candidata à Presidência em 2010 e 2014.

Eduardo Paes defendeu o nome de Pedro Paulo para que, em suas palavras, a gestão continue andando, principalmente em tempos de crise. O deputado foi supersecretário e seu braço-direito nos oito anos de governo. No discurso, o candidato do PMDB, apesar de mencionar muitas vezes o trabalho de Paes na prefeitura, falou também em um novo caminho, com promessas como escolas em tempo integral, expansão do BRT e do VLT, além de defender o armamento da Guarda Municipal, a exemplo do que ocorre na Colômbia. "O maior desafio dos próximos quatro anos é a segurança pública", disse.

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