Por Andrea Jubé e Fábio Pupo – Valor Econômico
BRASÍLIA - O presidente interino Michel Temer intensificou as articulações em torno da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados - Casa da qual já foi três vezes presidente -, e da votação final do impeachment, prevista para a segunda quinzena de agosto. O pemedebista reuniu-se com a cúpula do PSDB e com lideranças da base para discutir o cenário da disputa. Ao senador Cristovam Buarque (PPS-DF), considerado um voto indefinido, abriu as portas do Planalto para debater a educação.
No dia seguinte ao jantar no Palácio do Jaburu com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e com o líder da bancada na Câmara, Antonio Imbassahy (BA) - ocorrido no domingo à noite -, a expectativa entre auxiliares de Temer era de que os tucanos recuariam do apoio à candidatura do líder do DEM, Rodrigo Maia (RJ) e poderiam apoiar um candidato do Centrão, mais alinhado ao Planalto. Isso porque cresceu entre deputados da base a avaliação de que o apoio do PT colocaria sobre Maia o carimbo de "candidato do Lula", e portanto, da oposição.
O Planalto avalia que a pluralidade de candidatos embola o jogo, mas Temer não tentará impedir nenhuma candidatura. A torcida é para que dois representantes do Centrão - base do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do líder do governo, André Moura (PSC-SE) - cheguem ao segundo turno. A avaliação é que o líder do PSD, Rogério Rosso (PSD-DF), que tem o apoio de Cunha e de Moura, alcance mais de cem votos e chegue ao segundo turno. Junto com ele, na avaliação do Planalto, os nomes mais competitivos seriam Fernando Giacobo (PR-PR), que atrai a maioria do baixo clero, e Beto Mansur (PRB-SP), secretário-geral da Mesa.
O líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO) - que ontem se reuniu com o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima -, disse ao Valor que acredita que dois candidatos do Centrão cheguem ao segundo turno. "Acho que até quarta-feira, haverá várias desistências. E estou certo de que o Centrão estará unido no segundo turno", aposta.
Ontem Temer recebeu em seu gabinete o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), e o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA). Aleluia disputa com Maia a candidatura dentro do DEM. Tanto Aleluia quanto Maia são próximos a Temer, sendo que o fluminense é genro de um dos políticos mais próximos ao presidente interino: o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco.
"Ele não vai interferir no processo, é muito cioso", disse Rubens Bueno ao Valor, sublinhando que Temer recomendou aos aliados que não usem seu nome para as tratativas de votos.
Num momento em que tem amigos de longa data concorrendo - o secretário-geral da Mesa, Beto Mansur (PRB-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Aleluia, Maia -, Temer não quer ver seu nome associado a nenhum candidato, para não melindrar os aliados nem provocar um racha na base. "Temer é muito respeitoso com sua base, não vai apoiar ninguém agora", diz o líder do PRB, Márcio Marinho (BA), que apoia Mansur, de sua bancada. Marinho ressalta que no segundo turno, se houver um nome da base e um da oposição, Temer deverá avalizar o candidato da base.
Em outra frente, Temer intensificou os gestos para consolidar votos a favor do impeachment, abrindo as portas de seu gabinete para uma reunião com Cristovam Buarque. Na quarta-feira, o senador do PPS esteve com Dilma no Palácio da Alvorada. Segundo Cristovam, foi uma reunião para apresentar ao interino seu plano para a educação e alfabetização de adultos, que pode contar com o apoio dos Correios e das Forças Armadas. Ele reafirmou que ainda não definiu seu voto. "Sou um juiz, e juiz só decide na hora", afirmou.
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